Esporte e gênero nas aulas de educação física: a perspectiva inclusiva em foco
Por July Roberta dos Santos Amorim (Autor), Michele Pereira de Souza da Fonseca (Autor), Leandro Teofilo de Brito (Autor).
Resumo
Entendendo a Educação Física numa perspectiva ampla, as questões de gênero e esporte se apresentam como uma discussão necessária. Diante da construção histórica da Educação Física, por um longo período influências pautadas pelos aspectos biológicos (BRACHT, 1999) consolidaram-se no cerne da mesma, refletindo diversas situações de inclusão/exclusão. No que refletimos sobre a Educação Física, o gênero e o esporte no contexto escolar, observamos a necessidade de ações educativas que dialoguem acerca das problemáticas inerentes a este cenário. Nesse sentido, a inclusão é entendida como um conceito amplo, processual e dialético, considerando diversos marcadores sociais da diferença como deficiências, gênero, raça, classe, etnia, religiosidade e suas intersecções (SAWAIA, 2017; BOOTH E AINSCOW, 2011; FONSECA, 2021). Este resumo deriva de uma das ações desenvolvidas pelo Projeto de Extensão Educação Física escolar na perspectiva inclusiva (PEFEPI), vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com uma escola municipal da zona Norte da cidade, e objetiva relatar a experiência da tematização do esporte e suas relações de gênero nas aulas de Educação Física, considerando a percepção dos estudantes. Metodologicamente, baseia-se na pesquisa-ação (THIOLLENT, 2011); utiliza como instrumento de coleta de dados registros no diário de campo e os grupos de discussão (WELLER, 2006). Participaram da pesquisa duas turmas de 9°ano, com um total de 65 estudantes, de 14 a 16 anos, com maior predominância de meninos. Este é um recorte de uma aula ministrada durante o 3° bimestre do ano letivo de 2019, sobre o conteúdo esportes, em que esse grupo de estudantes o vivenciou em diversas perspectivas, destacando problematizações e possibilidades de experienciar esse conteúdo. Visando uma Educação Física calcada numa perspectiva inclusiva, almejando uma maior participação e adesão dos estudantes, a diversificação de conteúdos (FONSECA E RAMOS, 2017) se apresenta como uma estratégia pedagógica inclusiva, considerando todos os elementos da cultura corporal a fim de desmistificar práticas padronizadas e excludentes, propondo experiências construídas com bases democráticas, críticas e transformadoras. A experiência vivenciada com os estudantes teve dois momentos principais: O questionamento acerca dos esportes e suas referências e um segundo momento permeado por dois vídeos1 instigando a percepção dos estudantes.