Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar contradições entre capital e trabalho presentes em escolinhas esportivas dos projetos sociais, que surgiram após a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Copa do Mundo de Futebol e posteriormente, as Olimpíadas. Tendo em conta o processo de reordenamento da cidade do Rio de Janeiro para sediar tais eventos, investigamos como a proposta de Megaeventos esportivos se relaciona com ações esportivas voltadas para os filhos da classe trabalhadora. Para tanto, buscamos analisar determinada conjuntura e suas particularidades dentro de uma totalidade mais ampla e naquilo que é a estrutura da sociedade brasileira. Sendo nosso campo empírico o Projeto Rio em Forma Olímpico, em execução na favela Cidade de Deus. Entendemos que essa particularidade ganha densidade histórica somente se estiver articulada e inserida no bojo de reformas mais amplas na sociedade. Ao buscar revelar a quem, de fato, interessa os Megaeventos esportivos de 2014 e 2016, desvelamos que a propaganda oficial, junto ao corporativismo do Estado, aliados à atividade de (dês)informação da mídia leva a maioria da população não apenas a endossar o discurso oficial, mas também a entender que tais eventos “são benéficos” para a classe trabalhadora, em geral, particularmente porque “gera emprego e executa projetos sociais” . Como metodologia, utilizamos a revisão bibliográfica referente à problemática sugerida, tendo como base o materialismo histórico para nos ajudar a compreender diversas dimensões da realidade que envolve o objeto da pesquisa. Por meio da análise teórica construímos nosso conhecimento sobre contradições entre capital e trabalho, trabalho e educação e consumo, inerentes à sociedade capitalista. Foram utilizados como instrumentos de análise da pesquisa de característica empírica os meios de comunicação, além de entrevista semi-estrurada no Projeto Rio em Forma Olímpico. Como poderá ser visto no decorrer deste trabalho, não se trata de ser contra o esporte, contra as práticas esportivas ou contra os Megaeventos, a competição, etc. Queremos dizer que não é por atenderem à necessidades do capital que a realização dos Megaeventos e suas interlocuções sejam negativas. Todavia, considerando a relação trabalho e educação e a importância do diálogo com as teorias pedagógicas, uma vez que todas elas pertencem a um campo em comum – o da formação humana – faz-se relevante pensar acerca dos projetos sociais articulados por processos educativos, seus valores, e perspectivas, objetivos e métodos, contextualizando a realidade desses projetos em relação às suas propostas.

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