Resumo

Existe consenso sobre o fato que o esporte, enquanto elemento socializador, pode ser fonte de valores orientadores das atitudes dos praticantes, sejam elas positivas ou negativas. No entanto, não existe uma base empírica suficientemente forte para comprovar tais afirmações. O objetivo deste trabalho foi investigar se efetivamente valores presentes no esporte também são válidos em esferas da vida social dos praticantes, tendo como referência os pressupostos de duas teorias sociais: a Teoria Crítica do Esporte e a Teoria do Dilema Brasileiro. Adotamos como instrumento de coleta de dados principal um questionário composto com cinco escalas de atitudes relativas às seguintes categorias de análise: 1) disciplina, 2) modo de navegação social, 3) fungibilidade, 4) meritocracia, 5) principio do rendimento e 6) reordenação da ordem. O lócus da pesquisa foram as Olimpíadas Escolares (2008) e m sua etapa nacional, categoria juvenil (15 a 17 anos), realizada em João Pessoa - Paraíba. 498 questionários foram distribuídos aos atletas de atletismo, basquetebol, futsal, judô, handebol e voleibol. Destes, 261 questionários foram respondidos. O teste Qui-Quadrado foi utilizado para medir a discrepância existente entre as freqüências observadas e esperadas para as variáveis ‘sexo’ e ‘ modalidade esportiva’. Para o aprofundamento de algumas questões foram realizadas entrevistas guiadas com 21 respondentes. Os resultados obtidos confirmaram pressupostos da Teoria Crítica do Esporte em relação às categorias ‘disciplina’, ‘fungibilidade’, ‘meritocracia’ e ‘princípio do rendimento’. Observaram-se divergências em relação às noções de respeito incondicional às regras e hierarquias, à crença na vitória como produto de mérito pessoal, e à vitória como o objetivo último. Em relação à Teoria do Dilema Brasileiro, foram confirmados seus pressupostos referentes às categorias ‘modo de navegação social’, ‘meritocracia’ e ‘reordenação da ordem’. Como conclusão podemos dizer que foi constatada uma ambivalência entre valores sociais contrapostos. Dessa forma podemos apontar, não para a legitimação de uma teoria em detrimento da outra, mas para uma complementaridade entre elas.

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