Estratégias de melhoria da participação desportiva informal no município do porto Portugal
Por Renata Borges (Autor), Camilla Gomes de Oliveira e Silva (Autor), Carlos Augusto Mulatinho (Autor), Vitor Sobral (Autor).
Resumo
Nos últimos anos, a participação desportiva tem recebido crescente atenção, especialmente com os esforços governamentais voltados para a melhoria da saúde pública (Weed, 2018). A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020) ressalta a importância da atividade física para o bem-estar físico e mental, destacando sua eficácia na prevenção de doenças crônicas e na redução de casos de depressão e ansiedade. No contexto português, a baixa taxa de participação desportiva é uma preocupação significativa, com o país apresentando índices inferiores em comparação com outros países europeus (Eurobarómetro, 2014; 2018; 2022). Embora existam vários estudos sobre as motivações e barreiras à prática desportiva em Portugal (Mariovet, 2000; 2003; Rodrigues et al., 2017; DGEEC, 2017a; 2020; Fonseca, 2010; Seabra et al., 2007), há uma carência de dados sobre a participação desportiva informal, isto é, práticas já existente e reconhecidas, sendo jogadas e praticadas por grupos não filiados a entidades desportivas oficiais e sem taxas de adesão (Jeanes et al., 2019). Objetivo: Identificar e descrever as motivações, facilitadores e barreiras à participação desportiva informal no município do Porto (Portugal). Metodologia: O estudo adotou uma abordagem qualitativa, com o intuito de aprofundar os conhecimentos sobre os determinantes da prática desportiva no município estudado, sendo utilizadas as técnicas de grupos focais para a coleta de dados. De acordo com os métodos descritos por Jeanes et al., 2019, um guião de entrevista foi desenvolvido e validado por especialistas, abrangendo quatro partes: (I) características da prática desportiva informal, (II) motivações (Teixeira et al.,2022), (III) barreiras (Rich et al., 2019), (IV) sugestões de melhorias para a prática desportiva no município. A amostra consistiu num total de 39 participantes (22 homens e 17 mulheres) divididos em sete grupos focais, onde cada grupo tinha de 5 a 6 pessoas que eram praticantes de desporto informal residentes no município do Porto no ano de 2023. Os participantes foram recrutados a partir dos programas e infraestruturas desportivas do município. Os dados foram analisados através de transcrições textuais, análise temática e análise de conteúdo, além disso, os autores efetuaram uma revisão por pares das transcrições e identificaram os temas, padrões, e percepções das discussões, sendo elaborado um codebook de codificação, definições e exemplos que os autores usaram para interpretar os dados (Creswell,2003). Principais Resultados: Entre as motivações verificamos a existência de quatro fatores que influenciam na prática, são eles: socialização: onde o convívio social com amigos é o principal fator motivacional preponderante; o empoderamento: quando há um sentimento de capacidade e agência pessoal, através do exercício e da superação de desafios; o prazer: P8 comentou: "Quero algo que me dê prazer, sem compromisso" e a estética: onde se apresenta a contribuição para o cuidado do corpo, com a saúde e a obtenção de uma imagem corporal desejada. Já entre as barreiras encontramos a falta de comunicação e conhecimento da oferta: os participantes desconheciam as opções disponíveis, devido à falta de divulgação ou dificuldade de acesso à informação; baixa atratividade e segurança das infraestruturas: Problemas com luminosidade, segurança, limpeza e manutenção foram destacados; falta de tempo: dificuldade em equilibrar vida social, familiar, profissional e lazer ; e a falta de flexibilidade nos horários: horários incompatíveis com as necessidades dos participantes. E Por fim, nas sugestões de melhorias identificamos cinco subcategorias para facilitar a prática desportiva informal no município. Flexibilidade nas atividades: Atividades devem ser espontâneas e com horários flexíveis; proximidade e mobilidade: As atividades devem ser próximas aos locais de trabalho, escola e casa; diversidade de oportunidades: Oferta diversificada para diferentes faixas etárias e preferências; melhoria na comunicação