Resumo

Os atletas são submetidos, constantemente, a um grande número de agentes estressores que podem influenciar sua atuação esportiva, devido às alterações psicofisiológicas que ocorrem quando o indivíduo percebe uma situação como estressora. Considerando o crescente aumento na participação de crianças e jovens no esporte de rendimento, o objetivo do presente estudo foi analisar a relação entre o estresse (psicológico e fisiológico) de atletas de futebol de campo da categoria Sub-17 nas situações de treinamento e competição. Participaram do estudo 18 atletas da equipe Sub-17 (categoria de base) de futebol de campo de um clude de futebol paranaense. Como instrumentos foram utilizados: O Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas (RESTQ-76 Sport) foi utilizado para determinar o estado atual de estresse e recuperação dos atletas; a Lista de Sintomas de Estresse Pré-competitivo (LSSPCI); A avaliação do estágio maturacional foi realizada pela idade esquelética, a partir da radiografia das mãos e dos unhos dos atletas; e o cortisol salivar (cálculo da AUCg). Para a análise dos dados foi utilizada a estatística Primeiramente aplicou-se a estatística descritiva (frequência relativa, média, valor mínimo, valor máximo e desvio-padrão) e inferencial (Teste t, Anova One Way de medidas repetidas, Anova Two Way de medidas repetidas, Análise de Variância Multivariada (Manova); Correlação Produto Momento de Pearson e ukey), adotado um nível de significância de p<0,05. Os resultados demonstraram que: (a) em geral, os atletas apresentam idade esquelética acima da linha de identidade (idade cronológica), estando classificados com estágio maturacional normal ou precoce; (b) os atletas apresentaram moderada ocorrência dos sintomas de estresse pré-competitivo, independente do seu estágio maturacional; (c) os atletas apresentaram baixos escores nas escalas de estresse e altos escores nas escalas de recuperação, nas situações de treinamento e competição, independente do seu estágio maturacional; somente a escala de Recuperação presentou diferença significativa entre a situação de treinamento e jogo; (d) encontraram-se diferenças significativas entre os valores de AUCg para a maioria das situações analisadas (entre repouso e treinos e entre treinos e jogo); não foi encontrada diferença significativa dos valores de AUCg entre os atletas com diferentes estágios maturacionais; (e) não foi encontrada correlação entre os sintomas de estresse e o estado atual de estresse e recuperação; também não foi encontrada associação e tre os sintomas de estresse e o cortisol salivar (valores de AUCg); (f) em relação à correlação entre os estado de estresse (psicológico e fisiológico), foi encontrada associação significativa somente entre a escala de Recuperação Geral do RESTQSport e o valor de AUCg (referente a concentração de cortisol salivar) na situação de treino 1 (primeiro treino semanal). Com o presente estudo, pode-se concluir que, independente do estágio maturacional (normal e precoce) e da situação analisada (treinamento e jogo), os atletas estudados apresentaram boa capacidade de recuperação, pois não foram encontradas emoções negativas extremas sugestivas de estresse. O que pode ser associado à percepção dos atletas em relação à situação ambiental, gerando resposta fisiológica correspondente. Ou seja, a demanda fisiológica e psicológica despendida pelos atletas pode não ter sido suficientemente capaz de gerar significativa descarga hormonal.

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