Resumo

Os mecanismos responsáveis pelo balanço redox na musculatura esquelética não foram completamente elucidados. O estudo das NADPH oxidases na geração de ERO no músculo esquelético, em repouso e durante o exercício, é essencial para desvendar o papel dessas enzimas no balanço redox. O objetivo principal do trabalho foi investigar o balanço redox nos músculos esqueléticos de ratos, em estado de repouso e submetidos a exercícios aeróbios. Foram utilizados ratos Wistar machos adultos jovens, que passaram por adaptação de 8 semanas em esteira, com duração de 10 minutos e variação de velocidade de 0,4 a 1,1 Km/h. Os animais foram pareados, de acordo com o Teste de Velocidade Máxima (TVM), para compor os grupos: Sedentário – SED (S1, S2, S3, S4) e Treinado (T1, T2, T3, T4 e T1.5). Os grupos T se exercitaram numa velocidade de 1,2 Km/h, com variação do tempo de corrida ao longo do treinamento. Após 5 dias da última sessão de treinamento, os animais foram sacrificados. Amostras dos músculos gastrocnêmio vermelho (GV), branco (GB) e sóleo (SOL) foram pesadas e submetidas às seguintes análises: histologia, oxigrafia de alta resolução; atividades das enzimas NADPH oxidase (NOX), superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPX) e catalase (CAT); expressão de RNA mensageiro (mRNA) dos genes NOX2, NOX4, DUOX1, SOD1, SOD2, GPX1, GPX3, e CAT; grupamento tiol. Fibras do GV apresentaram maior fluxo de consumo de oxigênio médio de 1,96 vezes em relação ao SOL e 4,1 vezes em relação ao GB, enquanto as fibras do SOL tiveram um fluxo médio de consumo de oxigênio 2,1 vezes maior em relação ao GB. A atividade NADPH oxidase foi maior nas fibras musculares do SOL, em relação as fibras musculares dos GB e GV, e maior no GV do que no GB. Fibras do SOL expressaram mais NOX2 e a NOX4 do que as fibras dos GB e GV. GV expressa mais NOX4 do que o GB. A expressão gênica da DUOX1 não diferiu entre os tecidos analisados. As atividades da SOD foi maior no SOL e no GV do que no GB. A atividade da GPX e da CAT foi maior no SOL do que no GV e GB, e foi maior no GV do que no GB. A expressão gênica da SOD1 e GPX3 foi maior no SOL e no GV do que no GB e a da GPX1 foi maior no SOL e GV do que no GB, enquanto a expressão da SOD2 e CAT foi maior no GV do que no SOL e GB. Não encontramos características histológicas de lesão ou regeneração significativas nas células musculares analisadas nos grupos SED e T. A atividade NADPH oxidase do grupo T2 no GB foi maior, bem como a expressão gênica de SOD1, GPX3 e CAT. No GV, atividade NADPH oxidase do T2 foi maior que o T4 e a expressão gênica de NOX2 no grupo T2 foi maior, bem como a expressão gênica de SOD1 e SOD2. No SOL a atividade NADPH oxidase foi maior nos grupos T2 e T3, sendo que a expressão gênica de NOX4 foi maior no grupo T2. No SOL houve menor expressão gênica de GPX1 e CAT nos grupos T. Concluímos que não há relação entre o consumo de oxigênio das fibras e a sua capacidade de geração de ERO pelas NADPH oxidases. O músculo sóleo tem maior capacidade antioxidante, talvez por apresentar maior atividade pró-oxidativa vi  NADPH oxidase, e por este motivo tem menor grau de estresse oxidativo. De uma maneira geral, o treinamento de volume médio impactou mais sobre o balanço redox das fibras musculares do gastrocnêmio, no entanto não detectamos maior dano celular ou maior grau de estresse oxidativo nesses tecidos.
 

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