Resumo

Há no Brasil um conjunto de estudos multidisciplinares preocupados com a ocupação do tempo livre, reconhecidos genericamente como “estudos do lazer”. Tais estudos originam-se no início do século XX, em um complexo movimento de implementação de políticas e sistematização de conhecimentos que viabilizassem a regulamentação da duração da jornada de trabalho e a tutela do tempo livre (de crianças e adultos trabalhadores) gerado em decorrência da regulamentação dos repousos remunerados. Tal movimento ocorre como parte das ações de reação da burguesia mundial a fim de conter as mobilizações dos trabalhadores brasileiros no início do século e os avanços do comunismo no mundo. Os estudos do lazer são desenvolvidos ao longo de todo o século XX, intensificando-se a partir da década de 70, impulsionados pelo Sistema “S”. Partindo-se do pressuposto de que a noção de trabalho tem centralidade na compreensão do lazer, bem como, reconhecendo em Marx uma referência central para a compreensão do trabalho, propusemo-nos observar a apropriação da obra deste autor pelos estudos do lazer brasileiros. Os textos delimitados são trabalhos completos apresentados em eventos, artigos e livros (ou capítulos), disseminados durante os séculos XX e XXI, em periódicos e editoras de circulação nacional. Estes textos referentes à apropriação da obra de Marx no âmbito dos estudos do lazer - cujo desenvolvimento teórico encontra-se inacabado - apresentam aos leitores a instigante questão das perspectivas do trabalho e do lazer, da necessidade e da liberdade na sociedade capitalista e na comunista. Apropriando-me destes referenciais, propomo-nos a apresentar uma reflexão crítica quanto à apropriação já efetuada, além de buscar teorizar sobre as possibilidades que a obra de Marx e Engels nos apresentam para a compreensão da problemática do lazer.
 

Acessar Arquivo