Resumo
Exercícios físico-militares em escolas civis brasileiras e portuguesas na passagem do século XIX para o XX Este estudo analisa, comparativamente, a trajetória tiistorica dos exercícios físicomilitaresem escolas civis brasileiras e portuguesas primárias e secundárias napassagem do século XIX para o XX. Naquele contexto, em diversos sistemas escolares nacionais, a educação física se consolidou como disciplina escolar. Havia um grande debate sobre os fins e o significado dessa disciplina, que caminhava entre o saber médico, higienista, e o saber militar, que apregoava os exercícios físico-corporais como meio de preparação do corpo dos indivíduos para a defesa nacional. Por meio do diálogo com a historiografia relacionada ao tema, buscou-se perceber o funcionamento dos exercícios físico-militares que englobamas evoluções militares e a instrução militar obrigatória no Brasil, a instrução militar preparatória em Portugal e os batalhões escolares nos dois países. A historiografia brasileira e a portuguesa destacam, de maneira geral, a partir de estudos centrados em fontes legislativas e oficiais, o papel dos indivíduos e instituições militares na consolidação da educação física e dos exercícios físico-militares nos sistemas educacionais dos dois países. A pesquisa aqui apresentada, visandoexplicitar o funcionamento dos exercícios físico-militares dirigidos por professores e por instrutores militares, deteve-se em fontes documentais produzidas nas escolas, como relatórios de inspeção e correspondências, e no debate pedagógico realizado em revistas educacionais. As fontes escolares foram utilizadas especialmente no estudo do caso brasileiro e os periódicos educacionais para o caso português. A legislação educacional foi largamente utilizada para o estudo das duas realidades. A investigação demonstrou a existência de oposição à implantação dos exercícios físico-militares nas escolas. Essa resistência partiu de indivíduos envolvidos com o debate intelectual pedagógico naquele contexto e de pais e alunos ligados às escolas. Concluiu-se, também, que os militares não foram os únicos a atuar no interior das escolas civis, havendo grande diversidade de formação e ohgem entre os responsáveis pela direção dos exercícios físicomilitares.