Resumo

Os fatores de risco são responsáveis pelo aumento da prevalência de doenças crônicas não comunicáveis (DCNC) trazendo prejuízos à saúde para uma considerável parcela de adultos. OBJETIVO: Identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento das doenças metabólicas e cardiovasculares em policiais militares de diferentes unidades do Estado de Mato Grosso. METODOLOGIA: Foram avaliados 146 policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (policiais militares do especializado) e do 3° Batalhão de Polícia Militar (policiais do patrulhamento ostensivo), todos do sexo masculino, com média de idade de 33,49 ± 7,25 anos, compostos por: Soldados (41,10%), Cabos (26,70%), Sargentos (16,44%), Subtenentes (4,80%), Tenentes (4,80%), Capitães (2,74%), Majores (2,74%) e Tenente Coronel (0,68%). Utilizou-se questionário de levantamento transversal para coletar informações do estilo de vida dessa amostra referente ao consumo de álcool (AUDIT), utilização do tabaco (protocolo de Fargerström), hábitos alimentares (protocolo de frequência alimentar), qualidade de sono (protocolo de Pittsburgh), utilização de remédio, questionário de atividade física (IPAQ) versão 8 - longa. Foram realizadas avaliações antropométricas (Massa Corporal, Estatura, IMC, RCQ e percentual de gordura) e testes de aptidão física por meio de exercícios físicos de corrida 12 minutos, barra fixa, flexão de braço e abdominal remador. Os resultados foram analisados, estatisticamente, pelo Teste T e U Mann-Whitney, Qui quadrado com nível de significância de p‹0,05. RESULTADOS: Encontramos média amostral da idade de 33 7 anos, tempo de serviço de 11 7 anos, massa corporal de 85,70 13,61 Kg; estatura 1,76 0,06 m; circunferência abdominal 0,92 0,01 cm; IMC 27,00 0,32 kg/m² e RCQ 0,92 0,18. O tempo médio acumulado de atividade física foi 122,72 90,79 min/sem. A média do tempo sentado entre ¼ a ½ do dia foi 356 165 min/dia, com 80% desses com alta prevalência de inatividade física. A classificação do nível de atividade física demonstrou que policiais militares ativos 59,6% e insuficientemente ativos 40,4%. Em relação aos testes de aptidão física, encontramos valores médios da corrida 12’ (2.242±341,78) metros, barra fixa (8±4) repetições, flexão de braço (35±14) repetições e abdominais (40±13) repetições. Resultados do estilo de vida demonstraram que o consumo de álcool obteve elevada prevalência (p=0,04; OR=0,50; IC 0,26-0,98), bem como, as quantidades de doses (p=0,00; OR=0,40; IC 0,20-0,79), demonstrando consumo de risco de policiais, “binge drinking”. O uso de tabaco teve associações entre grupos de policiais muito expressivas: fumantes e não fumantes (p=0,01); quantidade de cigarros (p=0,02). Com relação aos hábitos alimentares demonstraram várias associações e baixo consumo de frutas e verduras, com 78,1%, (p=0,00; OR=0,30; IC 0,13-0,72). A inatividade física influencia na associação dos fatores de risco de policiais de patrulhamento ostensivo e especializado com tabaco (p=0,03), excesso de massa corporal (p=0,03), circunferência abdominal (p=0,01), hábitos alimentares (p=0,01) e aptidão cardiorrespiratória (p=0,00). A análise bivariada demonstrou que os fatores de risco acumulados apresentaram associações com: tipo de serviço com álcool-inativo (p=0,00; OR=0,39; IC=0,20-0,78) e a circunferência abdominal com inativo-hábito alimentar (p=0,03; OR=0,48; IC=0,25-0,94). A capacidade funcional e vitalidade apresentaram as maiores médias de escore dos domínios da qualidade de vida. Não houve associação bivariada e somatórios de comportamento de risco com as variáveis de qualidade de vida e de sono. Os determinantes socioambientais apresentaram associações com inatividade física e as análises bivariadas e somatórios de comportamento de risco com o uso de transporte público, locomoção, moradia e condições e segurança para pratica de atividade física. CONCLUSÃO: Os resultados demonstraram que a associação entre o estilo de vida do policial militar, aspectos bio-socio-ambientais e fatores de risco contribui no possível desenvolvimento de doenças crônicas metabólicas e cardiovasculares em policiais militares, atribuindo resultados diferentes para as análise segmentadas e bivariadas/somatórias.

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