Resumo

Introdução: A performance na corrida de rua pode ser influenciada por um conjunto de variáveis que estão relacionadas a características do sujeito e do ambiente em que o mesmo está inserido. Objetivos: A proposta do estudo está centrada em identificar as diferenças interindividuais no desempenho de praticantes de corrida de rua brasileiros, e verificar sua associação com variáveis do sujeito e do ambiente. Métodos: O presente estudo caracteriza-se por ser de design transversal, cujo processo de obtenção da informação deu-se em duas etapas: 1) no âmbito nacional – envolvendo 1151 praticantes de corrida de rua (61,8% homens; média de idade de 38±9 anos); e 2) com uma subamostra composta por residentes no estado de Sergipe – 35 corredores de rua do sexo masculino, com média de idade de 37±12 anos. Foram obtidas informações referentes às características individuais, sociodemográficas, percepção sobre o ambiente natural e construído, e informações sobre o treinamento, a partir de um questionário online validado previamente; igualmente, informações a respeito do medo de falhar no esporte foram obtidas através do questionário multidimensional do medo de falhar. Informações sobre o ambiente foram obtidas através de dados disponibilizados em páginas oficiais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, do Atlas do Desenvolvimento Humano, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e compreenderam, respectivamente: informações estaduais acerca do índice de desenvolvimento humano, número de homicídios femininos e ocorrência de eventos de atletismo. Na subamostra sergipana, foram realizadas avaliações antropométricas e de aptidão física. A análise estatística envolveu análise de classes latentes e modelos de regressão, com nível de significância de 95%. Resultados: Foi possível identificar a presença de dois tipos de corredores de rua em nível nacional, denominados “corredores amadores” e “corredores recreacionais”. Os corredores amadores apresentaram maiores chances de terem melhor performance comparativamente aos seus pares (OR=4,19; IC95%= 2,95 – 5,94). Considerando os dados no âmbito nacional, foi possível observar uma variância significativa na performance, da qual 3% é devido às características do estado. Dos 97% referentes às características do sujeito, 56,5% são explicados por variáveis de cunho biológico, sociodemográficos e do treinamento. A análise intraestadual, realizada em Sergipe, indicou que o modelo final, composto por variáveis biológicas, de aptidão física e treinamento, explica 86% da variância da performance. Conclusão: Variáveis relacionadas ao sujeito e características do estado de residência foram associadas à performance em corredores brasileiros. Além da influência de variáveis individuais, a performance na corrida de rua, enquanto um traço multifatorial, precisa ser compreendida a partir de uma visão holística.

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