Fatores Facilitadores na Transição do Tenista Juvenil Brasileiro Para o Circuito Profissional de Tênis
Por Diego Itibere Cunha Vasconcellos (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
O tênis é um esporte praticado há muitos anos em todo o mundo. Com o passar do tempo, e acompanhado de uma evolução natural em todos os sentidos, o tênis passou a ganhar cada vez mais adeptos e apaixonados por sua prática. Por muitos, hoje o tênis é visto com outros olhos, não apenas como esporte lazer, mas também no contexto de competição, visto ser um esporte que requer um altíssimo nível técnico do praticante. Um grande atrativo para se tentar uma carreira de sucesso como atleta no tênis são as quantias, muitas vezes milionárias, oferecidas pelos torneios. Porém não se faz um tenista de alto nível em poucos anos de prática, isso requer um certo tempo, envolve muitas despesas e muita dedicação por parte do tenista. Muitas vezes o atleta tem que abrir mão de sua vida social, escolar e até mesmo familiar, para que possa viajar e jogar torneios mais importantes fora do país. Recentemente, o Brasil vem experimentando uma realidade bastante diferente da encontrada alguns anos atrás, com um notável aumento de tenistas juvenis competitivos, que visam uma carreira vitoriosa e espelhada na de Gustavo Kuerten, o Guga. Porém, o caminho até o sucesso e reconhecimento é árduo e reserva detalhes muitas vezes inesperados. Com a finalidade de compreender melhor esta situação, obrigatória na vida de todo tenista juvenil competitivo este estudo teve por objetivo verificar os principais fatores facilitadores na transição de tenistas juvenis brasileiros para o circuito profissional de tênis.
METODOLOGIA:
Participaram desta pesquisa descritiva de interrelação 41 tenistas brasileiros do sexo masculino, com faixa etária entre 16 e 31 anos, sendo a média de idade 21,15 (±4,193) anos. Destes, 15 são atletas juvenis da categoria 18 anos, o que representa 36,6% da amostra; 16 são atletas profissionais em atividade, representando 39% e 10 são ex-jogadores (24,4%). Cabe ressaltar que todos atletas juvenis e profissionais são tenistas cadastrados e ranqueados pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), respectivamente. Entretanto, aproximadamente 50% dos ex-jogadores configuraram na lista da ATP, e os demais apenas no ranking nacional. Utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário auto-aplicável (VASCONCELLOS, 2005) que possibilitou obter informações referentes a dados pessoais e à prática desta modalidade (iniciação desportiva, ranking atual, melhor ranking juvenil, entre outros). A coleta de dados deu-se em duas etapas: a primeira parte ocorreu durante a realização de um torneio da série future da ATP, realizado em Florianópolis-SC; e a segunda parte em academias de tênis da mesma cidade. Os dados foram tratados com estatística descritiva, empregando os parâmetros de média e desvio padrão e estatística inferencial, utilizando o teste "t".
RESULTADOS:
De acordo com o tratamento dos dados, observou-se que 90,2% dos entrevistados apontaram o patrocínio como um fator facilitador (93,4% dos juvenis, 87,5% dos profissionais e 90% dos ex-jogadores). Com o mesmo score de 63,42% de relato por parte dos entrevistados estão o fato de jogar mais torneios profissionais nos últimos anos de juvenil (66,7% dos juvenis, 43,75% dos profissionais e 90% dos ex-jogadores), e o fato de ter uma pessoa mais experiente por perto (60% dos juvenis, 56,25% dos profissionais e 80% dos ex-jogadores). Já 56,1% acreditam que o apoio dos amigos e familiares, e também, treinar com bons técnicos sejam outros fatores facilitadores (53,3%dos juvenis, 56,25% dos profissionais e 60% dos ex-jogadores). E por fim, o fato de ter um bom ranking juvenil foi citado por apenas 34,5% da amostra (33,4% juvenis, 37,5% profissionais e 30% dos ex-jogadores).
CONCLUSÕES:
De acordo com os dados, conclui-se que para facilitar a passagem de tenistas juvenis para o circuito profissional, ajudas externas se fazem necessárias. Ajudas como: o apoio de empresas que ofereçam patrocínios aos atletas e não pensem simplesmente em retorno à curto prazo, e ainda que sejam trazidos mais torneios profissionais para o país, que irão aumentar as possibilidades de ascensão de brasileiros no ranking mundial. Nota-se que são coisas interligadas, pois tendo mais torneios profissionais no país, os atletas não teriam a necessidade de viajar para o exterior para jogar esse tipo de torneio, diminuindo custos e também preocupações desnecessárias afins. Desta forma os atletas estariam mais tranqüilos para desempenhar seu papel em quadra. Vale ressaltar que a situação financeira, embora apontada como principal fator, por si só não é garantia de sucesso, visto que outras variáveis influenciam na transição do juvenil para o circuito profissional de tênis.