Resumo

Quando tentamos pensar o movimento humano, esse corpo vivo em relação com o mundo, por meio de conceitos restritos a uma única área, constata-se a complexidade deste fenômeno, que se mostra a cada novo movimento da ciência. Considerando esta complexidade, retomamos neste ensaio a possibilidade de diálogo entre Filosofia e Ciência, aqui ocupadas com os estudos sobre corpo e movimento humano. Recorremos, então, ao estranhamento entre Neurociência e Filosofia, em especial a Fenomenologia de Merleau-Ponty, por meio de exemplos clínicos e reflexões, não no sentido de buscar um sistema de explicações, forçar uma aproximação ou apontar elementos para fins de hierarquização, mas com o intuito de extrair deste movimento os elementos que nos ajudem a pensar nossas certezas e dúvidas acerca do movimento humano. A Filosofia nos auxilia, inicialmente, a indagar sobre os pressupostos e consequências das pesquisas, recolocando questões e restaurando o lugar da dúvida. A Ciência, por sua vez, abre campos, aguça curiosidades, e mesmo sem admiti-lo, deixa-se questionar. A separação entre as diferentes formas de pensar a realidade e produzir conhecimentos não precisa necessariamente ser combatida, às custas do enfraquecimento de ambas, mas é possível extrair consequências interessantes de um movimento de aproximação entre as duas áreas.

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