Filosofia Olímpica Enquanto Uma ética das Virtudes
Por William Ferreira de Oliveira (Autor), Alessandra Maria Scarton (Autor), Tiago Machado da Costa (Autor), Bruno Lupinacci Von Der Heyde (Autor), Christian Roberto Kern (Autor), Carolina Fontoura Moreno (Autor), Diego Bittencourt (Autor), Fernando Carbonell da Fontoura (Autor), Nelson Schneider Todt (Autor).
Parte de Anais do Fórum de Estudos Olímpicos 2021 e III Simpósio Latino-americano Pierre de Coubertin . páginas 123
Resumo
No Olimpismo há uma forte conexão entre o desenvolvimento de uma personalidade moral ou de caráter, que evocam o aperfeiçoamento moral, com a ética das virtudes. Conceitos como formação espiritual, conjunto harmônico entre as qualidades do corpo, da vontade e do espírito entre outras frases ou termos de Coubertin levam o praticante da Filosofia Olímpica a um processo de autoformação ética voltada para à excelência. Dentro do horizonte ético, hoje em dia, temos três grandes vertentes ou escolas que abarcam quase em sua totalidade aquilo do qual pensamos, escolhemos, justificamos em nossas escolhas ou ações, que é a ética do Utilitarismo, a ética da Deontologia e a ética das Virtudes. Na filosofia grega antiga há duas concepções fortes de ética das Virtudes, de Aristóteles – Ética a Nicômaco – e a dos estoicos que tem como seu fundador Zenão de Cítio. Ambas são éticas práticas, voltadas para o bem viver, e que se aproximam do Olimpismo. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar a perspectiva da ética das virtudes como paradigma ou modelo unificador de grande parte da Filosofia Olímpica de Pierre de Coubertin no que concerne à sua proposta de aperfeiçoamento da personalidade moral. Para tanto, iremos utilizar, como horizonte de pesquisa, a concepção que o filósofo francês Pierre Hadot traz na contemporaneidade sobre o propósito da filosofia grega antiga no geral, que é efetivar uma transformação profunda da maneira de se ver e de ser do indivíduo. Usaremos esta noção em Pierre Hadot como modelo de perspectiva da filosofia grega antiga como prática filosófica de autotransformação, dando assim, um caráter prático a essa ética, o que se coaduna com a perspectiva geral do ideal filosófico de Pierre de Coubertin. Viver uma ética das virtudes é um ato filosófico de comprometimento de se tornar melhor, é uma conversão que muda substancialmente aquele que realiza tal ato. Portanto, não especificaremos uma ou outra escola filosófica, mas falaremos da ética das virtudes como um todo e suas particularidades. Dentro dessas particularidades faremos a integração possível com os escritos de Pierre de Coubertin a respeito de sua ideia de excelência humana em valores.