Resumo

A doença de Parkinson (DP) tem início unilateral e compromete a destreza manual. O foco externo de atenção (FEA) pode ser uma estratégia utilizada para melhorar o desempenho dessa tarefa, uma vez que o direcionamento da atenção para o resultado do movimento tem se mostrado eficaz na melhora de algumas tarefas motoras nesses pacientes. Espera-se que o direcionamento para o resultado do movimento, utilizando o sistema visual como dica, facilite o desempenho motor nessa tarefa. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do FEA no desempenho da destreza manual de pacientes com DP. Participaram do estudo 12 pacientes com DP idiopática (69,41±7,69 anos), de ambos os gêneros (8 homens e 4 mulheres; 164,35±7,82cm de altura; 69,97±10,50kg de massa), com comprometimento unilateral avaliado pela Escala de Hoehn & Yahr (1,41±0,19 pontos) e comprometimento motor leve (19,33±7,20 pontos na escala unificada de avaliação da doença de Parkinson - UPDRS). O desempenho da destreza manual foi avaliado pelo Box and Blocks Test. Foram realizadas duas condições: a condição sem (S-FEA) e com (C-FEA) foco de atenção. Na condição S-FEA o paciente foi solicitado para somente transferir os blocos o mais rápido possível. Já na condição C-FEA, além da orientação anterior, os participantes receberam a seguinte instrução adicional: "Preste atenção na posição do bloco, acompanhandoo com os olhos". Foram realizadas 3 tentativas para cada condição com o membro superior acometido pela doença (MSA), sendo considerada na análise a média das tentativas. O efeito da FEA no desempenho da destreza manual do MSA foi avaliado pelo teste t de Student e o nível de significância adotado foi de p<0,05. O teste t de Student revelou uma diminuição significativa no desempenho (t(1,11)=4,88, p<0,01), sugerindo que o FEA piora o desempenho da destreza manual em pacientes com DP. O FEA pode ter gerado uma sobrecarga cognitiva, principalmente na atenção visuoespacial, que está comprometida na doença. Além disso, outros fatores podem estar envolvidos na piora da execução da tarefa, como a lentidão dos movimentos oculares, a postura flexora e rigidez da coluna cervical presente nesses pacientes. Assim, o FEA não deve ser utilizado em tarefas que exijam velocidade e precisão.

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