Foco Externo de Atenção Reduz o Desempenho da Destreza Manual em Pacientes com Doença de Parkinson
Por J. Lahr (Autor), M. P. Pereira (Autor), P. H. S. Pelicioni (Autor), M. M. L. Rodrigues (Autor), A. M. F. Jimenez (Autor), Lilian Teresa Bucken Gobbi (Autor).
Resumo
A doença de Parkinson (DP) tem início unilateral e compromete a destreza manual. O foco externo de atenção (FEA) pode ser uma estratégia utilizada para melhorar o desempenho dessa tarefa, uma vez que o direcionamento da atenção para o resultado do movimento tem se mostrado eficaz na melhora de algumas tarefas motoras nesses pacientes. Espera-se que o direcionamento para o resultado do movimento, utilizando o sistema visual como dica, facilite o desempenho motor nessa tarefa. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do FEA no desempenho da destreza manual de pacientes com DP. Participaram do estudo 12 pacientes com DP idiopática (69,41±7,69 anos), de ambos os gêneros (8 homens e 4 mulheres; 164,35±7,82cm de altura; 69,97±10,50kg de massa), com comprometimento unilateral avaliado pela Escala de Hoehn & Yahr (1,41±0,19 pontos) e comprometimento motor leve (19,33±7,20 pontos na escala unificada de avaliação da doença de Parkinson - UPDRS). O desempenho da destreza manual foi avaliado pelo Box and Blocks Test. Foram realizadas duas condições: a condição sem (S-FEA) e com (C-FEA) foco de atenção. Na condição S-FEA o paciente foi solicitado para somente transferir os blocos o mais rápido possível. Já na condição C-FEA, além da orientação anterior, os participantes receberam a seguinte instrução adicional: "Preste atenção na posição do bloco, acompanhandoo com os olhos". Foram realizadas 3 tentativas para cada condição com o membro superior acometido pela doença (MSA), sendo considerada na análise a média das tentativas. O efeito da FEA no desempenho da destreza manual do MSA foi avaliado pelo teste t de Student e o nível de significância adotado foi de p<0,05. O teste t de Student revelou uma diminuição significativa no desempenho (t(1,11)=4,88, p<0,01), sugerindo que o FEA piora o desempenho da destreza manual em pacientes com DP. O FEA pode ter gerado uma sobrecarga cognitiva, principalmente na atenção visuoespacial, que está comprometida na doença. Além disso, outros fatores podem estar envolvidos na piora da execução da tarefa, como a lentidão dos movimentos oculares, a postura flexora e rigidez da coluna cervical presente nesses pacientes. Assim, o FEA não deve ser utilizado em tarefas que exijam velocidade e precisão.