Fonte de Pesquisa e a Possibilidade de (re)construção Histórica da Memória na Educação Física: o Lugar da História Oral
Por Carmen Lilia da Cunha Faro (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
O presente trabalho aponta reflexões acerca da possibilidade do uso da História Oral como fonte de pesquisa para (re)construção da História da formação do primeiro corpo docente, da Escola Superior de Educação Física do Estado do Pará (ESEFPA). Trata-se de um recorte de minha pesquisa de doutoramento sobre a origem da ESEFPA, tendo como recorte temporal os anos de 1960-1970. O objetivo, aqui, é a metodologia da História Oral e a valorização e reconhecimento da memória desses professores como sujeitos que podem narrar por meio de seus relatos aquilo que ainda não foi contado. Para o tratamento metodológico das fontes, dialogamos com Thompson (1998), Porteli (2016), Melo (2013), Meihy (2011), Alberti (2017), Bosi (2003). As análises preliminares apontam que, naquele período histórico da década de 1970, esses professores manifestaram em suas falas a reflexão de suas práticas. Suas identidades são constituídas de memórias e esquecimentos mencionados, quer sejam pessoais, familiares e profissionais, que determinaram seus dizeres e seus fazeres nas posições assumidas. As informações identificadas, até o momento, nos permitem analisar alguns elementos específicos da formação e participação desses professores na Escola Nacional de Educação Física e Desporto (ENEFD) – Universidade do Brasil, bem como a própria conjuntura da Educação Física no estado do Pará. Sobre a formação, vimos que em todos os casos, a vivência nos esportes foi um fator fundamental para a motivação de ingresso no curso, assim como o gosto pelas aulas de Educação Física ministradas pelos professores da época. Os depoimentos indicaram que a experiência com a prática esportiva, vivida quase toda no espaço escolar, foi o que os impulsionou para a entrada na Educação Física. A partir disso, analisamos que a própria ação profissional caminhou nesse sentido, configurando a influência ou mesmo a dominação do campo esportivo sobre a Educação Física. A partir dessa participação esportiva houve, em cada um, seja por vontade pessoal ou mesmo por influência de seus professores, o desejo de buscar a formação em Educação Física e, nesse caso, a ENEFD era o palco principal; a opção pelo curso da Universidade do Brasil se dava, não só pela tradição e preponderância nacional do curso, mas muito pelo fato de contar com uma política de bolsas que acabaram sendo um incentivo para que essas pessoas fizessem a viagem até o Rio de Janeiro e lá permanecessem, mesmo que durante as etapas de formação tenham tido, por vezes, que buscar trabalhos para colaborar com seu sustento, seja em atividades fora ou dentro da Educação Física.