Resumo
Formulamos este estudo com a tarefa de refletir sobre o processo de formação de professores de educação física. Contudo, nossa pesquisa submersa no referencial teórico-metodológico do materialismo histórico e dialético, recuperado por Lukács como uma ontologia do ser social, cumpre a tarefa de analisar a realidade social, a partir de seu modelo de organização da vida. Centramos nosso estudo, então, no modo de (re)produção capitalista. Nessa perspectiva, nos detemos sobre o trabalho como elemento fundante do ser social, assim como sobre o processo de constituição da sociedade de classes soerguida sobre a égide do trabalho explorado - para tanto, nossa análise se debruça sobre a teoria do valor trabalho. Perfazemos essa análise perscrutando, a partir do conceito de trabalho ontológico, a origem do complexo da cultura corporal, objeto de estudo da educação física, assim como, elaborando uma reflexão sobre a constituição omnilateral do ser. Articulado ao nosso objeto, investigamos o metabolismo social de (re)produção do capital. Apresentamos os fundamentos das contradições do sistema que explicam sua atual crise, adjetivada por Mészáros de estrutural. Analisamos, na seqüência, a transformação superestrutural, com alterações no padrão de regulação social, da educação e da cultura; tais estratégias utilizadas pelo capital para superação dos efeitos da crise. Abordamos, decorrentemente, as conseqüências da crise estrutural do capital no campo de trabalho do professor de Educação Física, bem como, no seu processo de formação docente. Nessa direção, analisamos as estratégias de regulação do mercado promovidas sobre o processo de regulamentação da profissão, refletindo sobre o sistema Conselho Federal de Educação Física - CONFEF. Concluímos, discutindo as transformações no processo de formação acadêmica-profissional em Educação Física, estabelecendo uma análise sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Educação Física, homologada sobre a Resolução 09/04. O trabalho culmina expressando as conseqüências da contradição originária da sociedade capitalista entre produção social e apropriação privada dos bens materiais, bem como suas repercussões no próprio processo de educação e formação humana, em especial sobre a formação docente em educação física: o aligeiramento da formação de professores e seu atrelamento às novas necessidade do capital. Advoga, na contramão das exigentes imposta pelo sistema social vigente, que a cultura corporal, ao desprender-se das amarras impostas pelo capital, a qual tudo transforma em mercadoria, passará a exercer um processo significativo no desenvolvimento das plenas capacidades humanas, sob solo histórico edificado pelos trabalhadores livres e associados.