Gênero e interseccionalidade: uma semente que ainda guarda segredos para a análise da corporeidade na educação física e na ginástica

Por Tânia Mara Vieira Sampaio (Autor).

Parte de (Des)encontro de gêneros na ginástica: corpo, educação, formação profissional e esporte . páginas 33 - 59

Resumo

Vivemos um tempo estranho. Por não encontrar expressão melhor, fico com esta: tempo estranho. As fronteiras entre os países, os estados, os continentes, as pessoas, as classes, as raças, as etnias, os gêneros... pareciam ter desaparecido. No entanto, constata-se que ainda estão muito presentes, enraizadas, cristalizadas e provocando divisões de tempos e espaços, de possibilidades e impossibilidades, de vida e morte entre as pessoas. A par desses tempos difíceis nas relações humanas marcadas pelas desigualdades, os fenômenos climáticos apresentam, de um lado, chuvas incontidas e, de outro, seca profunda e, ainda, neve em abundância de outro ou queimadas que se multiplicam. O ciclo das chuvas e sua regulação pela lua e sol parecem desordenados pela ação humana destrutiva em todas as direções. Contudo, não ter o controle parece ser o que mais assusta a todas as pessoas, o fracasso no desejo de onipotência do ser humano parece fazer retroceder décadas de conquistas da sociedade no enfrentamento do sexismo, do racismo e do patriarcalismo.