Gestão de organizações esportivas: proposição de modelo de avaliação de desempenho para federações estaduais
Por Kleber Augusto Ribeiro (Autor), Ary Rocco Júnior (Autor).
Resumo
Com o desenvolvimento social e econômico do esporte, parte das organizações esportivas passaram a adotar práticas mais racionais e profissionais de gestão, com o objetivo de aumentar seu desempenho e de atender melhor as expectativas dos seus diversos stakeholders, que cada vez mais têm exigido a aplicação de métodos de avaliação e de controle para uma gestão mais eficiente, eficaz e transparente (CHELLADURAI, 1987; MADELLA, BAYLE; TOME, 2005; WINAND et al., 2014; NAGEL et al., 2015). Verificar se uma organização do esporte teve ou não um bom desempenho e como avaliar esse construto são questões que Segundo Winand et al. (2014), têm se tornado cada vez mais importantes no mundo, especialmente para entidades sem finalidade lucrativa. Por isso, o desenvolvimento de modelos para medir o desempenho organizacional tornou-se uma questão importante tanto para gestores esportivos quanto para pesquisadores acadêmicos e possui, ao mesmo tempo, uma clara relevância teórica e um interesse prático óbvio para os órgãos de esporte (BARALDI, 1998; BAYLE; MADELLA, 2002; MADELLA, BAYLE; TOME, 2005). Essas questões ganham importância no Brasil, pois o Sistema Brasileiro do Desporto (SBD), estrutura do esporte nacional estabelecida pela Lei Pelé, Lei nº 9.615/98 (BRASIL, 1998) e o Sistema Nacional do Esporte (Sinesp), estabelecido pela ainda recente Lei Geral do Esporte (LGE), Lei nº 14.597/23, são constituídos e operacionalizados por meio de entidades esportivas. Esses sistemas vigentes no país, caracterizados pela descentralização e pela autonomia administrativa dos seus entes, são altamente dependentes da ação individual dos diversos tipos de organizações esportivas para a promoção do desenvolvimento do esporte brasileiro e para a garantia do direito ao seu acesso e prática. Ao analisar o nível intermediário do SBD, não foi possível identificar inciativas práticas e publicações relacionadas ao estabelecimento de modelos de avaliação de desempenho de federações esportivas estaduais, seja com a finalidade de orientar a distribuição de recursos ou para aprimorar a gestão dessas organizações. Nesse contexto, considerando as lacunas teórico-metodológica e prática da avaliação de desempenho de organizações esportivas brasileiras, a ausência de modelos aplicados voltados para a avaliação de federações esportivas estaduais, bem como a conveniência de interesse da entidade líder do sistema da modalidade de tênis de mesa para implementação de um modelo para suas entidades filiadas, decidiu-se pela proposição do presente estudo. Objetivos: O objetivo geral do estudo é propor um modelo inicial de avaliação de desempenho organizacional sistêmico, multidimensional e específico para federações esportivas estaduais brasileiras e adequado para a aplicação ao contexto do sistema da modalidade de tênis de mesa. Metodologia: Por se propor em desenvolver e aplicar um modelo científico voltado para a prática organizacional, esta pesquisa caracterizou-se como predominantemente metodológica e aplicada, desenvolvida por meio de uma abordagem específica de métodos mistos e estruturada em um modelo sequencial exploratório de complementaridade de três etapas (VERGARA, 2010; SKINNER; EDWARDS; CORBET, 2015; CRESWELL; PLANO CLARK, 2017). Principais Resultados: Na primeira etapa, buscou-se identificar os determinantes do desempenho organizacional de federações esportivas estaduais brasileiras. Por meio de método documental e de revisão sistemática de literatura, desvelouse nas normas brasileiras, nos estatutos institucionais e na literatura do campo, 16 dimensões com potencial de determinar o desempenho organizacional de federações esportivas estaduais brasileiras, se apropriadas em conjunto. Na segunda etapa, objetivou-se definir, a partir das dimensões desveladas na etapa anterior, um modelo inicial de avaliação de desempenho organizacional adequado para federações esportivas estaduais, constituído numa perspectiva sistêmica e multidimensional.