Guardiões da Memória: Fragmentos Históricos da Ginástica Rítmica Capixaba
Por Franciny dos Santos Dias (Autor), Mauricio Santos Oliveira (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
O presente trabalho versa sobre fragmento da pesquisa de mestrado que busca expor o percurso histórico da Ginástica Rítmica (GR) no Espírito Santo (ES). Metodologicamente optamos pela abordagem da história oral. O marco inicial do estudo foi o ano de 1953 quando a modalidade, ainda denominada Ginástica Moderna, chegou ao estado. Peuker (1974) cita que a modalidade chegou ao Brasil na década de 1950. E, por meio de cursos ministrados para professoras de Educação Física, foi disseminada pelo país. Verificamos que esses cursos de aperfeiçoamento técnico ocorreram, inicialmente, em São Paulo e foram ministrados pela austríaca Margarteh Fröhlich. A professora Geny Curcio, precursora da GR no ES, teve contato direto com Fröhlich, em 1953, quando conheceu a modalidade. Crause (1985) destaca outra grande influência da GR no Brasil, a Húngara Ilona Peuker, que também difundiu a modalidade no país com grande consideração aos seus aparelhos. A professora Geny Curcio destacou em seu depoimento mudanças ocorridas nos aparelhos. Aos seus 102 anos, a professora mostrou alguns materiais de ginástica que ela guardou durante anos, os quais, posteriormente, decidiu doar para o Núcleo de Pesquisa em Ginástica (NPG). Os materiais doados foram: um arco e uma corda. Diante dessa atitude, refletimos nas indagações de Halbwachs (1990) que questiona o “porquê” de nos apegarmos aos objetos. Por que desejamos que os mesmos não mudem ou que continuem, de certa forma, a nos fazer companhia? Halbwachs (1990) afirma que essa preocupação ocorre, pois, nosso entorno material leva simultaneamente a nossa marca e, também, a dos outros. Os objetos não contam apenas a nossa história, mas, sim, uma história coletiva que leva o indivíduo a querer preservar tais memórias. Segundo a professora Geny, a corda foi utilizada durante o período em que atuou como professora na UFES, entre 1962 e 1981. Já o arco, confeccionado em madeira, na década de 50, foi feito a pedido da professora Illona Peuker, em 1956, no Rio de Janeiro. O arco foi usado no curso e durante performances enquanto integrava o grupo de ginástica coordenado por Illona Peuker. Passados 62 anos, essas relíquias foram transferidas para o NPG com a responsabilidade de ser guardião da memória ao preservar e cuidar desses objetos que se constituem em artefatos culturais que narram os primórdios da modalidade no ES e no Brasil. A partir dessa análise, percebemos a importância de guardar esses artefatos históricos que abarcam representações que o homem faz em sua presença na história (RAYMUNDO, 2005).