Resumo
Embora as evidências acerca dos potenciais benefícios do exercício resistido sejam consistentes e bem descritas na literatura, estudos têm revelado uma alta variabilidade individual (heterogeneidade) em resposta a este tipo de exercício bem como a presença de indivíduos aparentemente não-responsivos ao estímulo. Adicionalmente, raros são os estudos a transpor da tradicional avaliação da resposta média do grupo treinamento à outra mais pormenorizada do desempenho individual dos participantes. Objetivo: Analisar o efeito de oito, 12 e 24 semanas de treinamento resistido (TR) sobre a variação individual de indicadores de força, hipertrofia, gordura corporal e saúde metabólica em mulheres idosas. Métodos: Cento e quarenta mulheres idosas (> 60 anos) e fisicamente independentes foram submetidas a oito, 12 ou 24 semanas de TR. As variáveis força muscular, massa muscular, gordura corporal, colesterol total (TC), lipoproteína de alta densidade (HDL-C), lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), triglicérides (TG) e glicose (GL) foram analisadas antes e ao final dos diferentes períodos de intervenção. Os programas de TR foram compostos padronizadamente por oito exercícios para os diferentes segmentos corporais (membros inferiores, tronco e membros superiores) executados com uma frequência de duas a três sessões semanais. Todas as participantes analisadas executaram no mínimo 85% das sessões de treinamento. Para a classificação da responsividade ou não ao TR foi adotado arbitrariamente como critério o valor “0”. Resultados: Aumentos significantes da força muscular e massa muscular foram identificados em todos os três periodos de intervenção (P < 0,05). Redução significante da massa gorda e nas concentrações de GL, TC e LDL foram encontradas apenas após 12 e 24 semenas de TR (P < 0,05). Tanto a variação inter-individual quanto a prevelência de não-responsivos às intervenções foram altas. Entre as variáveis metabólicas o TG apresentou a maior variabilidade em resposta ao TR de 12 semanas (-51,3% a +113,9%), ao passo que a heterogeneidade das respostas para a força muscular de membros inferiores foi de +11,8% a +104,5% após 24 semanas de intervenção. A prevalência de não responsivos alcançou 46% para massa gorda após oito semanas e 66% para HDL-C após 12 semanas de treinamento. Mais de 90% das participantes não responderam positivamente a pelo menos uma variável metabólica. Aparentemente, 12 e 24 semanas de treinamento foram capazes de produzir valores similares no índice z-score criado, sendo superiores àqueles observados após oito semanas de treinamento. Conclusão: Os resultados sugerem que apesar da prática do TR promover importantes modificações da saúde do idoso, observa-se ampla heterogeneidade em resposta aos diferentes períodos de intervenção em todas as variáveis avaliadas, além da alta prevalência de não-responsivos ao treinamento, sobretudo nos indicadores de saúde metabólica.