Resumo
Esta pesquisa tem como objeto de estudo o hibridismo brincante, compreendido por entrecruzamentos de ações e de aspectos simbólicos que surgem de comportamentos distintos durante a brincadeira, no caso desse estudo, das rubricas da ludicidade, da agressividade e do nonsense (homo ludens, homo violens e homo demens), materializadas nas brincadeiras lúdico-agressivas na Educação Infantil. A tese se pauta na possibilidade de o hibridismo brincante favorecer a socialização, a manifestação de protagonismo, a leitura positiva para os processos simbólicos das crianças e a possibilidade de mediação pedagógica do professor de Educação Física. O estudo foi norteado pelas seguintes problemáticas: qual o papel do hibridismo brincante na cultura de pares das crianças? Quais são os sentidos que as crianças atribuem as brincadeiras lúdico-agressivas? Como o hibridismo brincante pode contribuir nas intervenções pedagógicas da Educação Física com a Educação Infantil? Tem como objetivo geral compreender o hibridismo brincante por meio das brincadeiras lúdico-agressivas de crianças da Educação Infantil e, a partir de sua compreensão, sinalizar possibilidades de intervenções e de reorientações pedagógicas com a Educação Física nesse contexto. E, como objetivos específicos: investigar a articulação entre a ludicidade, a agressividade e nonsense nas situações brincantes; analisar os sentidos e os momentos que conduzem as crianças a manifestar o interesse pelas brincadeiras lúdico-agressivas; sinalizar possibilidades práticas de conexão entre o trabalho pedagógico do professor e os elementos híbridos presentes no cotidiano brincante das crianças. Para tanto, o tipo de pesquisa adotado foi a etnografia, com o emprego da técnica de entrada reativa e de observação participante. Os sujeitos desta pesquisa foram 60 crianças com faixa etária entre quatro e cinco anos de idade, 02 professoras de Educação Física que atuam nas turmas pesquisadas, 01 secretária, 01 pedagoga e 01 gestor (diretor) de um Centro Municipal de Educação Infantil de Vitória/ES. Os dados foram produzidos por meio de fotografias, filmagens, áudios, narrativas e enunciações captadas em episódios de interação com e entre as crianças nos espaçostempos da Educação Física e em momentos de recreio, registrados em diários de campo e entrevistas semiestruturadas com os professores. Para a análise, foi realizada a construção de categorias de codificação e a análise qualitativa de episódios de interação. Como resultado, identificou-se a contribuição do hibridismo brincante para a visibilidade da produção criativa, social e protagonista dos sujeitos em suas interações na Educação Infantil, possibilitando um novo olhar para esse tipo de brincadeira, que se constitui como um saber sui generis da cultura de pares infantil e que proporciona um aprendizado para “não violência”.