Resumo

O objetivo deste trabalho foi explorar a atividade física nos seus diferentes domínios (lazer, deslocamento, trabalho e domicílio) e as relações com indicadores sociodemográficos em adultos de Florianópolis, Santa Catarina. Para isso, realizou-se um estudo transversal de base populacional com adultos de 20 a 59 anos, de setembro de 2009 a janeiro de 2010 (n=1.720). Os indicadores sociodemográficos investigados por entrevista face a face foram: gênero, idade, cor da pele, situação conjugal, escolaridade e renda. A atividade física foi avaliada pelo questionário do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). A inatividade física em cada domínio foi definida como a não realização de nenhuma atividade física. A atividade física suficiente no lazer, no lazer e/ou deslocamento e a inatividade física global foram determinadas conforme critérios do Sistema Vigitel. Foram também empregados dados da pesquisa telefônica do Vigitel 2009 em Florianópolis (n=1.475). A estatística incluiu cálculos de prevalências, intervalos de confiança de 95% (IC95%) e as regressões de Poisson com variância robusta, logística binária e logística multinomial. A prevalência de inatividade física em cada domínio foi: 52,5% (IC95%: 48,2; 56,7) no lazer, 50,4% (IC95%: 46,0; 54,8) no deslocamento, 80,9% (IC95%: 77,8; 84,0) no trabalho e 57,6% (IC95%: 53,5; 61,7) no domicílio. As mulheres foram 27% mais inativas no lazer, enquanto os homens foram significativamente mais inativos no deslocamento e no domicílio (p<0,001). A idade esteve diretamente associada à inatividade física no lazer (p=0,04) e no deslocamento (p=0,05). A inatividade física no lazer foi maior entre os adultos negros, que viviam com companheiro(a) e que tinham menores níveis de escolaridade e renda. No deslocamento, aqueles que viviam com companheiro(a) e que tinham maior renda foram mais inativos. A inatividade física no trabalho foi maior entre os adultos brancos e pardos e que tinham maiores níveis de escolaridade e renda. A inatividade física no domicílio foi maior entre os adultos com maiores níveis de escolaridade e renda. A combinação mais frequente entre os homens foi a inatividade física simultânea no deslocamento, trabalho e domicílio (22%) e, entre as mulheres, a inatividade física simultânea no lazer e no trabalho (17,3%). A presença de inatividade física simultânea no lazer e no domicílio, entre os homens, e exclusiva no lazer, entre as mulheres, foram, respectivamente, 59% e 88% maiores que o esperado, caso esses comportamentos fossem independentes dos demais domínios. Na comparação das pesquisas por entrevistas telefônica e face a face, não foram observadas diferenças significativas nas estimativas de atividade física suficiente no lazer (19,3% versus 15,5%), atividade física suficiente no lazer e/ou deslocamento (35,1% versus 29,1%) e inatividade física (16,2% versus 12,6%), respectivamente. Em suma, a inatividade física foi mais elevada no trabalho. Os indicadores sociodemográficos apresentaram diferentes associações conforme a inatividade física em cada domínio. Observouse interação da inatividade física em diferentes domínios, conforme o gênero. As prevalências dos indicadores de atividade física encontradas pelas pesquisas telefônica e face a face foram semelhantes.

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