Resumo
A presente dissertação buscou aproximações e entendimentos para compreender a dança como conteúdo da Educação Física Escolar. Verificou-se na prática pedagógica em escola de ensino médio em Córdoba/Argentina a preferência dos jovens pelas danças da moda. Essas danças são essencialmente reproduzidas e, ao mesmo tempo em que a maioria dos jovens apresenta uma grande facilidade de decorar as coreografias propostas pela Mídia, conseguem realizá-las muito bem, demonstrando verdadeiros shows artísticos, percebe-se a falta de criatividade, de expressão, de comunicação, de segurança com o seu corpo e seus movimentos, quando propostas outras formas de trabalho com a dança. Em se tratando de outros conteúdos da dança e de outras perspectivas e modalidades que não as colocadas pela mídia, é corrente a não aceitação e até mesmo a negação do trabalho. A partir disso, o objetivo foi compreender quais os mecanismos que provocam na era da produção industrial da cultura o declínio do indivíduo (Adorno/Horkheimer e Canevacci) e os processos de massificação (LeBom, Freud e Adorno/Horkheimer,), analisou-se especificamente esses processos no que concerne ao consumo do bem cultural: dança - caracterizando a forma e o conteúdo que esse bem adquire - e em que medida a Educação Física escolar contribui para reforçar ou transformar essa situação. Constitui-se como principal referencial teórico deste trabalho, a Teoria Crítica da Sociedade da Escola de Frankfurt, especialmente os trabalhos de Max Horkheimer e Theodor W. Adorno para a compreensão do conceito de Indústria Cultural. Entre os aspectos a serem questionados encontram-se: o declínio do indivíduo e os processos de massificação resultantes da ideologia dessa indústria, como também, a forma e o conteúdo que a dança adquire em função de ser televisionada. Por último, apresentam-se, baseadas na proposta do projeto de uma Neomodernidade e Reinvenção das Humanidades (Rouanet), sugestões para o trabalho da dança na escola. Vislumbra-se a necessidade da socialização e democratização dos modelos de danças criados ao longo da história e em diferentes culturas como alternativa aos modelos impostos pela mídia, através de uma didática comunicativa que considere os alunos como sujeitos do conhecimento. Chama-se a atenção para a necessidade do estudo teórico dessas modalidades de dança, como também a experimentação dos mesmos. Reconhece-se a Dança Improvisação como o modelo mais apropriado para ser trabalhado na escola e a necessidade de desenvolver nos cursos de formação de professores a consciência crítica sobre os conteúdos da cultura de movimento veiculados pela mídia, assim como uma abordagem das Humanidades que supere o estudo técnico das mesmas.