Resumo
A influência do hemisfério cerebral lesado pós-AVE e da informação visual foram avaliados neste estudo no controle da postura quieta, em perturbação sensorial e mecânica. Também foram avaliados o efeito da informação tátil durante perturbação sensorial e respostas posturais após perturbação postural externa imprevisível. Participaram deste estudo 11 indivíduos pós- AVE no hemisfério cerebral direito, 11 indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral esquerdo e 24 indivíduos sem doenças neurológicas. O desempenho do equilíbrio corporal foi avaliado na postura quieta, na postura ereta com superfície maleável (almofada de espuma) e após perturbação mecânica provocada pela liberação de carga inesperada. A avaliação foi feita sob as condições de visão plena e de oclusão visual. Os resultados da postura quieta revelaram aumento e maior variabilidade de oscilação postural no plano mediolateral de indivíduos pós- AVE em comparação aos sem doenças neurológicas. Indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral direito apresentaram aumento da oscilação postural no plano anteroposterior em comparação aos indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral esquerdo e sem doenças neurológicas. A condição de oclusão visual levou ao aumento da oscilação postural nos indivíduos pós-AVE em comparação aos indivíduos sem doenças neurológicas, indicando que visão contribui na estabilidade postural pós-AVE. Os resultados da perturbação sensorial demonstraram aumento e maior variabilidade de oscilação postural tanto no plano anteroposterior quanto mediolateral de indivíduos pós-AVE em comparação aos indivíduos sem doenças neurológicas. Aumento da instabilidade postural foi evidenciado tanto no plano anteroposterior quanto mediolateral de indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral direito em comparação aos indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral esquerdo e sem doenças neurológicas. Indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral esquerdo foram mais instáveis no plano anteroposterior e em comparação aos indivíduos sem doenças neurológicas. A informação visual favoreceu a estabilidade postural enquanto a condição de oclusão visual aumentou a oscilação postural nos indivíduos pós-AVE. Os resultados da perturbação mecânica revelaram que indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral direito apresentaram aumento da oscilação postural em comparação aos indivíduos pós-AVE no hemisfério cerebral esquerdo e sem doenças neurológicas, que não diferiram entre si. A informação visual não influenciou na oscilação postural pós-perturbação. Indivíduos pós-AVE apresentaram aumento na latência dos músculos gastrocnêmio medial e bíceps femoral, e menor magnitude de ativação muscular do músculo gastrocnêmio medial em comparação aos indivíduos sem doenças neurológicas. Comparações entre a perna parética e não-parética revelaram menor contribuição da perna parética no controle postural reativo. A visão favoreceu o desencadeamento das respostas posturais reativas, e foi verificada a participação tanto do hemisfério cerebral direito quanto o hemisfério cerebral esquerdo na recuperação do equilíbrio corporal após perturbação postural externa imprevisível. Os resultados demonstraram redução do equilíbrio e aumento da instabilidade corporal em indivíduos pós-AVE, e sugerem uma vantagem do hemisfério cerebral direito no controle da postura quieta e em perturbação sensorial. A informação visual influenciou no controle da postura quieta, em perturbação sensorial e em respostas posturais reativas. Ambos hemisférios cerebrais direito e esquerdo participaram do controle postural reativo após perturbação mecânica