Resumo

A complexidade do jogo de Futebol e a exigência para tomar decisões de maneira rápida e eficiente requerem dos jogadores uma elevada capacidade em processar os sinais perceptivos e responder adequadamente as demandas situacionais em períodos de tempo relativamente curtos. Esta exigência vai se tornando cada vez maior a medida que o nível de performance aumenta, chegando em alguns casos ao quadruplo da quantidade de tomadas de decisões que um ser humano normalmente está acostumado em seu dia-a-dia. Neste cenário, o trabalho mental envolvido para as tomadas de decisão em um jogo de futebol pode levar a uma sobrecarga dos mecanismos cognitivos e promover redução do desempenho esportivo. O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho físico, técnico e tático de atletas. As bases de dados Pubmed, A to Z, Web of Science e Scopus foram consultadas sendo incluídos 25 estudos. Os resultados indicaram que a fadiga mental causou prejuízos no rendimento físico em tarefas predominantemente aeróbias e em atividades técnicas e táticas. Em atividades predominantemente anaeróbias que requeriam contração voluntária máxima, salto vertical, força e potência anaeróbia os resultados se mostraram inconsistentes para indicar os efeitos prejudiciais da fadiga mental sobre o desempenho físico. No que refere as tarefas táticas, verificou-se que jogadores de futebol (sub-13, sub-15 e sub-17) de maior desempenho tático apresentaram menor esforço cognitivo para responder as demandas situacionais de jogo do que seus colegas de menor desempenho tático. Adicionalmente, esses atletas também apresentaram recuperação total das demandas energéticas e cognitivas na ausência de estímulo, enquanto seus colegas de menor desempenho tático não conseguiram recuperar os valores basais. No que concerne aos critérios de medição da fadiga mental, os estudos não mostraram consistência para a frequência cardíaca, lactato e velocidade média. A única consistência comprovada pelos estudos foi o aumento dos erros técnicos pelos atletas que estavam com fadiga mental. Em suma, os efeitos prejudiciais provocados pela fadiga mental sobre o rendimento esportivo foram específicos de acordo com o perfil energético da atividade e com perfil predominantemente técnico e tático.

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