Resumo
O trabalho trata da iniciação de mulheres no futsal. A modalidade está inserida na família dos jogos de bola com os pés assim como o futebol, a modalidade que originou o futsal. As práticas de futebol/futsal têm sido historicamente relacionadas a algo relativo aos homens, inclusive houve um período de proibição legal (Decreto-lei n.º 3.199/41) das mulheres jogarem futebol, sob alegação de que a modalidade não seria compatível com as condições de sua natureza. A questão histórica de proibição e verificações empíricas sobre o fato de que jogar futebol/futsal ainda não é algo relativo à trajetória de vida de meninas/mulheres, originaram o problema de pesquisa: compreender como aconteceu a iniciação no futsal de um grupo de jogadoras amadoras que segue jogando ou que interrompeu a prática. Os objetivos específicos são: a) Compreender os processos de ensino-aprendizagem esportiva, formais ou não, vivenciados pelas mulheres participantes da pesquisa, seja as que continuam jogando, seja as que interromperam a prática; b) Investigar nas entrevistas manifestações, explícitas ou implícitas, de episódios que podem ser considerados discriminatórios em razão do marcador de gênero e se tais fatos constituíram barreiras significativas para a prática da modalidade pelas participantes. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 14 mulheres, sendo nove do grupo das que seguem jogando e cinco do grupo das que interromperam a prática (ocasional ou definitivamente). Da análise temática do conteúdo das entrevistas foram encontrados grande temas para discussão: Breve contextualização das histórias escutadas; Uma questão de gênero – barreiras e suportes; Início no jogo formal. O fato de terem tido uma infância com vasta experimentação de movimentos, o acesso também a brincadeiras consideradas “de menino” e o fato de terem tido grande contato com os meninos em suas rotinas de brincadeiras e experiências de movimentos são elementos que podem ter contribuído para que elas se vinculassem com o futsal e continuassem jogando ao longo da vida (inclusive aquelas que interromperam a prática), formando uma “rede” de mulheres jogadoras. O que pode ser revelador do quanto as mulheres vêm buscando seu espaço na modalidade.