Resumo

INTRODUÇÃO: As trajetórias profissionais são influenciadas por fatores individuais, institucionais e sociais que podem operar de forma desigual entre grupos sociais, perpetuando desigualdades históricas no mercado de trabalho. OBJETIVO: analisar como variáveis interseccionais influenciam a faixa salarial de egressos dos cursos de Educação Física e Fisioterapia de uma universidade pública paulista. MÉTODOS: Estudo, transversal com egressos dos últimos dez anos (2015-2025) dos cursos de Educação Física e Fisioterapia de 5 campus universitários. O desfecho principal foi a faixa salarial para examinar os efeitos de variáveis como sexo, raça/cor, estado civil, faixa salarial, ano de conclusão e titulação acadêmica. Utilizou-se regressão multinomial para identificar tendências e desigualdades na prospecção de carreira desses profissionais. Para todas as análises utilizou-se o programa SPSS, versão 25.0 com nível de significância de 5%. RESULTADOS: A amostra foi composta por 1.001 egressos dos cursos de Educação Física (65,7%) e Fisioterapia (34,3%), sendo maioria do sexo masculino (54,8%), 76,9% sem companheiro e 71,8% autodeclarados brancos. Os formados em Educação Física tiveram maior chance de alcançar faixas salariais mais elevadas do que os de Fisioterapia (OR=2,43 até R$1.759,00 e OR=1,80 acima de R$4.400,00). Egressos com pós-graduação apresentaram rendas superiores, sendo o doutorado fortemente associado à maior faixa salarial (OR=0,042). Além disso, quanto mais recente o ano de formação, menores as chances de altos salários, evidenciando barreiras de inserção para profissionais recém-formados. Também se observou que profissionais do sexo feminino, pessoas negras enfrentam desvantagens salariais, ainda que os efeitos não tenham sido estatisticamente significativos em todos os modelos isolados. O estado civil revelou que indivíduos sem companheiro apresentaram menor chance de rendimentos elevados (OR=0,066 para renda > R$ 4.400,00). CONCLUSÃO: Fatores acadêmicos e temporais exerceram maior influência na prospecção de carreira, que as tendências de desigualdades estruturais. Todavia, estudos são necessários para investigação da equidade do mercado de trabalho.