Resumo
Nessa tese são apresentados dois artigos: 1. Intervenções com profissionais de saúde da Atenção Primária sobre aconselhamento à atividade física: revisão sistemática; 2. Efetividade de uma intervenção com aconselhamento à prática de atividade física para profissionais de saúde de unidades básicas de saúde. O primeiro foi um estudo de revisão sistemática que buscou descrever as intervenções realizadas com profissionais de saúde na atenção primária com o foco no aumento do aconselhamento à prática de atividade física. Foram incluídos oito estudos, os quais foram realizados em três países, com amostras heterogêneas de profissionais de saúde e usuários da atenção primária. Quanto ao efeito da intervenção sobre o aumento do aconselhamento à atividade física, metade dos estudos mostrou ser positivo, enquanto a outra metade não apresentou diferença. O segundo artigo teve como objetivo descrever a efetividade de uma intervenção com profissionais de saúde de unidades básicas de saúde (UBS) com aconselhamento à prática de atividade física. Estudo de intervenção, com delineamento de ensaio comunitário randomizado. Primeiramente foi realizado um estudo de linha de base com 525 usuários de 35 UBS da cidade de Pelotas-RS. Posteriormente, as UBS foram randomizadas, de acordo com a prevalência de aconselhamento encontrada na linha de base, em grupo intervenção (GI) e grupo controle (GC). Uma UBS do estudo de linha de base foi excluída pois trocou seu formato para unidade básica de atendimento imediato. Com isso, 17 UBS fizeram parte do GI e 17 do GC. Os profissionais de saúde das UBS do GI participaram de duas palestras de 50 minutos cada e receberam um folder sobre aconselhamento para a prática de atividade física. Os profissionais de saúde das UBS do GC não receberam qualquer tipo de intervenção. A intervenção ocorreu entre os meses de abril e julho de 2018. Um ano após o término da intervenção, foram coletados os dados pós-intervenção. Apenas os usuários, tanto das UBS do GI quanto das UBS do GC, responderam o questionário, sendo que os profissionais de saúde apenas participaram da intervenção. Foram entrevistados 30 usuários em cada UBS, totalizando 510 entrevistas nas UBS do GI e 510 do GC. Foi determinada a prevalência de aconselhamento à atividade física através de entrevistas com os usuários das UBS, os quais foram questionados sobre o recebimento de aconselhamento por profissionais de saúde na UBS e por agentes comunitários de saúde em seus domicílios. As UBS do GI contavam com 259 profissionais de saúde no momento da intervenção, dos quais 218 participaram de, no mínimo, um encontro. Não foram observadas diferenças nas prevalências de aconselhamento para a prática de atividade física, tanto realizado por profissionais de saúde nas UBS (linha de base: 35,8% IC95% 31,8 – 40,1; Pós-intervenção - GI: 39,4% IC95% 35,2 – 43,7; GC: 38,0% IC95% 33,9 – 42,3), quanto o aconselhamento feito pelos agentes comunitários de saúde nos domicílios (Pós-intervenção - GI: 29,1% IC95% 23,5 – 35,5; GC: 24,9% IC95% 19,4 – 31,3). Conclui-se que a intervenção não foi efetiva para modificar a prevalência de aconselhamento à atividade física nas UBS. São necessárias novas estratégias que sejam capazes de auxiliar os profissionais de saúde no trabalho com o aconselhamento para a prática de atividade física. Novas pesquisas com o objetivo de aumentar o aconselhamento para a prática de atividade física podem partir da intervenção aplicada no presente estudo aumentando seu período de desenvolvimento e acompanhamento, com observações imediatamente após a intervenção, aos 4 meses, 8 meses e ao completar 12 meses após a intervenção.