Resumo

Introdução e objetivos: Em 2005, o governo federal criou uma lei que tem como objetivo beneficiar atletas brasileiros de alto rendimento com recursos financeiros para a sua manutenção esportiva, o “Bolsa-atleta” (CORRÊA et al., 2014). Atualmente, tal programa é uma das principais políticas públicas para o desenvolvimento do esporte de rendimento do Brasil, isso porque o financiamento é enviado diretamente para o atleta, sem que haja intermediários (DIAS et al., 2016). No ano de 2005 o programa foi implementado com quatro níveis de bolsa: Categoria Estudantil (R$ 370,00); Categoria Nacional (R$ 925,00); Categoria Internacional (R$ 1.850,00); Categoria Olímpica/Paraolímpica (R$ 3.100,00). Posteriormente, em 2013, foram criadas mais duas categorias: Base (R$ 370,00) e Pódio (varia de R$ 5.000,00 a R$ 15.000). De acordo com Corrêa et al. (2014), entre 2011 e 2013, anos em que ainda não havia distribuição de bolsas para a categoria pódio, notou-se uma predominância masculina nas demais categorias. Entretanto, o Judô se encontrava entre as modalidades com certa igualdade na distribuição, beirando 50% para cada sexo, assim como o Tae kwon do, que tinha proporção de 55,05% para homens e 44,95% para mulheres. Vê-se assim certa igualdade na distribuição de bolsas de acordo com o sexo em duas modalidades olímpicas de esportes de combate nos anos de 2011 a 2013. Com isso surge a seguinte pergunta norteadora: há também igualdade na distribuição de bolsas pódio para homens e mulheres nos anos de 2017 e 2018 nas modalidades de Judô e Tae kwon do? Contando que a categoria pódio é a mais alta dentro do programa “Bolsa-atleta”, o presente estudo tem como objetivo verificar se a distribuição de bolsas entre os sexos nesses esportes de combate olímpico continua de forma igualitária. Métodos: Para análise dos dados, no intuito de alcançar os objetivos propostos, o estudo contou com a metodologia para análise de políticas públicas no Brasil proposta por Mezzadri, Moraes e Silva e Figuerôa (2015), tendo como base elementos qualitativos e quantitativos. Primeiramente foram levantadas as portarias que contemplaram os atletas para o recebimento da bolsa pódio, publicados no diário oficial da união. Com isso, foram separados os atletas das modalidades de Judô e Tae kwon do e fixados em uma planilha do excel. Em seguida foram feitos gráficos analisando a quantidade de atletas contemplados em cada sexo, das duas modalidades de esporte de combate, nos anos de 2017 e 2018. Resultados e Discussão: O primeiro ano em que atletas da categoria pódio foram contemplados foi no ano de 2013, passando estes a receber o auxílio no ano de 2014. Como dito anteriormente, a desigualdade de distribuição de bolsa atleta para os sexos era presente na maioria das modalidades contempladas para receber o auxílio governamental, com exceção de algumas modalidades como o Judô e o Tae kwon do, isso na época em que a categoria pódio ainda não era distribuída. Através do levantamento de dados, foi possível analisar que no ano de 2017 o ministério do esporte ofertou 17 bolsas para a modalidade Judô, sendo oito bolsas para homens e nove bolsas para mulheres, ou seja, nesse ano as judocas conquistaram 52,95% das bolsas, sendo que os atletas homens ficaram com 47,05%. Já no ano seguinte a situação inverteu, ainda com 17 bolsas, os homens ganharam 52,95% (nove), e, as mulheres, 47,05% (oito). O Tae kwon do recebeu 11 bolsas oferecidas pelo ministério do esporte no ano de 2017, sendo seis bolsas destinadas para os homens e cinco destinadas para as mulheres, nesse caso as mulheres contaram com 45,05% das bolsas, enquanto os homens com 54,55%. No ano de 2018, com oito bolsas oferecidas à modalidade, foram divididas igualmente entre os sexos, sendo quatro para mulheres e quatro para homens, dando um percentual de 50% para cada. Considerações Finais: Através dos dados levantados, foi possível perceber que esses esportes de combate inseridos no programa olímpico com direito a receber o auxílio do governo (Bolsa pódio), distribuem a quantidade de bolsas de forma igualitária. Assim, torna-se interessante perceber que mesmo os esportes de combate sendo enquadrados socialmente como integrantes do universo masculino, as mulheres aparecem no mesmo patamar de financiamento e os resultados recentes dos atletas homens e mulheres também têm se mostrado equilibrados. Por fim, acredita-se ser necessário um estudo que abranja todos os anos de recebimento da categoria pódio, e investigue se em outras modalidades há ainda uma distribuição desigual e os possíveis motivos para tal.

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