Resumo

O público de pessoas com deficiência é um público expressivo na sociedade para acesso ao lazer, turismo e serviços culturais. Segundo censo do IBGE (2010), 45,6 milhões de pessoas declararam ter ao menos um tipo de deficiência, correspondendo a 23,9% da população brasileira. As variáveis consideradas por esse tipo de público para passeios e atividades de lazer incluem aspectos de mobilidade, transporte e acessibilidade atrativos. Há catalogados no cenário cultural da cidade de São Paulo 251 espaços – em um total de mais de 1.000 – que já possuem algum tipo de acessibilidade parcial ou a todos os tipos de deficiência (IMG, 2013). Essa acessibilidade alcança programação, adaptações em estrutura interna e minimamente pessoal capacitado, carecendo as áreas externas, entorno e vias de acesso. A partir da observação de acessibilidade a museus e espaços culturais da cidade, com base na experiência e atuação profissional na área de educação em museus acompanhando as ações de acessibilidade nos equipamentos, propõe-se a discussão sobre as informações e normativas técnicas sobre o entorno, trajeto e mobilidade até os espaços culturais, complementar às políticas e ações de acessibilidade já praticadas internamente e como instrumento de gestão da acessibilidade no que se refere à mobilidade. Acompanhando as programações dos espaços culturais, o levantamento da acessibilidade nos mesmos e observando a adesão dos grupos às atividades, observou-se que o acesso livre e autônomo da pessoa com deficiência ao lazer e à cultura implica não só em acesso à programação e equipamentos, mas a vias de acesso do entorno e dimensões mais amplas como locomoção, atitudes inclusivas (acessibilidade atitudinal) e acessibilidade da informação. Importante destacar, das ações inclusivas, a mediação de obras acessíveis que museus têm promovido nos últimos tempos por meio das propostas de mediação e ação educativa acessíveis. O objetivo desse relato é promover a reflexão sobre acessibilidade cultural para além dos muros institucionais, ampliando as dimensões de acesso à cultura na cidade pela mobilidade autônoma. Percebe-se que os equipamentos e as discussões no âmbito da museologia estão cada vez mais articulados em promover visibilidade para as Pessoas com Deficiência. Exemplo disso são os eventos como a Virada Inclusiva e o Setembro Azul e o equipamento dedicado a esse público, o Memorial da Inclusão. A continuidade dessa reflexão perpassa a expansão para aspectos inerentes à política pública de acessibilidade em calçamento e transporte público, por exemplo, mas também aos espaços, a manutenção de estacionamentos, vias de acesso pelo entorno, área externa e sinalização. A sistematização de um instrumento ou metodologia capaz de diagnosticar e servir para o planejamento de políticas institucionais e públicas de mobilidade acessível é uma propositiva em construção. A reflexão enseja uma noção sobre a acessibilidade cultural, expandindo suas fronteiras para além dos muros institucionais, considerando a autonomia como política de cidadania para o lazer e cultura. 

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