Resumo

O presente estudo traz a tona o tema das lesões desportivas (LD) em atletas jovens na modalidade de atletismo. Muitos trabalhos ao redor do mundo têm discutido tal conteúdo, porém poucos têm se dedicado ao trato com atletas ainda em fases de desenvolvimento, bem como atletas da modalidade de atletismo. Esta pesquisa teve como objetivo identificar associação e a prevalência de fatores de risco a lesões desportivas, referidas em atletas jovens, federados na modalidade de atletismo, no estado de Santa Catarina, de setembro de 2006 a setembro de 2007. Esta investigação teve caráter retrospectivo, caracterizando-se como um estudo transversal, descritivo e autoreferido. Utilizou-se um questionário no formato de inquérito de morbidade referida (IMR). Foram entrevistados 158 atletas da federação catarinense de atletismo (FCA) com idade entre 15 e 18 anos, pertencentes a 14 instituições filiadas. Entre estes entrevistados 57,6% são do sexo masculino e 42,4% do sexo feminino. Entre os entrevistados, 68 afirmaram terem sido acometidos por LD, sendo 77 o número total de lesões relatadas. O índice de lesões nesta amostra foi de 0,48 lesões/atleta. No geral as mulheres apresentam, ligeiramente, maior prevalência de lesões do que os homens, dado este não significativo. As LD na sua maioria foram músculo-esqueléticas (distensões e contraturas), que afetam os membros inferiores (principalmente a coxa). São elas causadas por macrotraumas intrínsecos que ocorrem durante o treinamento e no período específico do ciclo, tratadas com métodos fisioterápicos e com retorno ainda sintomático dos atletas às atividades esportivas. Na análise por grupo de provas não houve associação entre o grupo de atletas que treina para mais de um evento atlético e os que se dedicam ao treinamento específico de um conjunto de provas. Uma tendência confirmada foi a de que os atletas que apresentaram LD são significativamente mais velhos dos que não apresentaram afecções. Com relação aos aspectos do treinamento e a prevalência de lesões observou-se não existir relação entre ter lesões e: número de períodos de treinamento semanal, número de participação em eventos de competição, preparação e acompanhamento do treinamento, anos de treinamento na modalidade, idade de início do treinamento, prática de outra modalidade e participação no ranking da cbat. Somente foram identificadas comparações marginalmente significativas em relação a atletas menos acometidos por LD e: clubes com acompanhamento de outros profissionais e atletas recordistas. Ao final desta investigação podemos afirmar que o incremento da idade e a prática de provas de velocidade são os dois fatores de risco para LD nesta população de atletas jovens de atletismo. Concluímos a partir dos cálculos de prevalência que as lesões em atletas jovens do atletismo catarinense apresentam resultados semelhantes aos encontrados em estudos sobre LD em populações adultas. Este dado é preocupante e merece ser mais profundamente investigado em outros estudos.

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