Mais que musa, uma craque (Bel)

Parte de As pioneiras do futebol pedem passagem: conhecer para reconhecer . páginas 155 - 167

Resumo

A espetacularização do corpo da mulher é recorrente em nossa cultura, basta olharmos as revistas, os filmes, os jornais, a publicidade e os programas de televisão. Imagens de mulheres sorridentes, sensuais, lindas, magras são exibidas e, muitas vezes, associadas a um jeito feminino de ser. No esporte não é diferente. Quando se trata das mulheres, é corriqueiro mencionar sua beleza e feminilidade em detrimento de seu talento, performance e habilidades técnicas. Nessas abordagens importa menos o fato de serem atletas, pois a centralidade está noutro lugar: nomeadas como musas, belas, princesas, meninas e garotas, os comentários incidem mais sobre essas peculiaridades do que sobre suas trajetórias, conquistas e frustrações esportivas. O futebol, território considerado de propriedade dos homens, quando jogado pelas mulheres agrega outros contornos. No decorrer da história da modalidade são rotineiros os discursos e práticas que, para legitimar a presença delas nos campos, exaltam a beleza das jogadoras, objetificando e sexualizando seus corpos. A organização de partidas entre vedetes, circenses e atrizes, por vezes, foi uma estratégia para burlar a proibição e, por outras, um recurso para realçar uma dada representação de feminilidade. Em 1981, por exemplo, a Rede Globo criou o Soccer Sex Stars, um time formado por atrizes que disputou amistosos em diferentes regiões do país onde, conforme registrou a Revista Placar, “as estrelas ganharam fãs nos estádios com seus calçõezinhos justos, camisetas leves e adoravelmente decotadas”.