Resumo

Buscando fornecer ferramentas confiáveis para avaliação do desempenho durante a corrida, o objetivo do presente estudo é comparar resultados de potência mecânica horizontal obtida através de uma proposta de fácil aplicação prática (protocolo de RAST) com aqueles oriundos de um sistema de elevada sensibilidade na avaliação de corredores. Dez estudantes universitários ativos e saudáveis do gênero masculino (19,8 ± 2,1 anos; 72,3 ± 6,8 kg; 179 ± 19 cm; 9,8 ± 5,1 %g) e nove atletas especializados em corrida de velocidade também do gênero masculino (20,1 ± 1,9 anos; 68,46 ± 6,18 kg; 178 ± 5 cm; 4,44 ± 1,18 %g) se voluntariaram para o estudo. A coleta de dados se dividiu em duas etapas: a primeira foi realizada com o grupo de indivíduos ativos, com a finalidade de acessar e comparar a reprodutibilidade do sistema de corrida atada em laboratório (CA) e o sistema de corrida semi-atada em campo (CSA). Para isso, os indivíduos realizaram uma sessão em cada ergômetro, composta por duas corridas de 35 metros divididas por um intervalo de 30 minutos e uma corrida de 35 metros em situação de corrida livre em campo. Os resultados oriundos do sistema de CSA se mostraram diferentes em magnitude, porém correlacionados com os dados de CA quando relativizados pelo peso corporal. A reprodutibilidade de ambos os sistemas foi semelhante, porém a força, velocidade e potência obtidas pelo sistema de CSA foram mais bem correlacionadas com a medida de desempenho adotada. A utilização da CSA na segunda etapa das coletas possibilitou a exclusão da influência das diferenças entre avaliações laboratoriais e de campo na análise comparativa entre o sistema e os dados oriundos das equações propostas pelo protocolo de RAST. Essa etapa consistiu da aplicação do protocolo de RAST em pista na condição de corrida livre e na condição semi-atada na amostra de atletas velocistas. Na análise das variáveis mecânicas da condição de CSA, a equação proposta pelo RAST forneceu dados com magnitude semelhante àqueles encontrados pelos sensores do protótipo. Apesar disso, é observada para força e potência uma perda na consistência intra-indivíduo entre a equação do RAST e o sistema de CSA, representado por baixos r de Pearson, e uma razoável precisão como demonstrado por coeficientes de variação por volta de 7-9%. A velocidade é a única variável que mantêm acurácia, precisão e consistência entre as ferramentas de medida. Sendo assim, é possível que as múltiplas derivações e a baixa freqüência de aquisição de dados tenham comprometido o cálculo da força e potência em atletas de elevado desempenho, não sendo sensível para o seu ranqueamento. Concluímos que o sistema de CSA fornece informações reprodutíveis e mais bem relacionadas ao desempenho de pista do que a avaliação laboratorial de CA. As equações oriundas do RAST apresentam alguma acurácia no que diz respeito à magnitude da manifestação de força e potência, porém falha em manter a consistência e precisão ao avaliar corredores de rendimento elevado, se mostrando uma ferramenta não adequada para a classificação dessas qualidades em atletas desse nível. 

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