Resumo

A verificação da intensidade de transição aeróbia/anaeróbia pode ser realizada por meio de procedimentos invasivos, como o Lactato Mínimo (Lacmin) e por métodos não invasivos, como a Velocidade Crítica (Vcrit). Para obtenção de parâmetros anaeróbios é possível citar o Running Anaerobic Sprint Test (RAST) e a Capacidade de Corrida Anaeróbia (CCA). Não há na literatura informações sobre a taxa de sucesso do Lacmin, bem como o uso do RAST na primeira fase do método, em corredores, ou a utilização da Vcrit na identificação das intensidades do Teste Incremental (TI). Além disso, estudos que se propõem analisar longitudinalmente os resultados desses testes também são escassos. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar as capacidades aeróbia e anaeróbia em corredores, identificando a existência de sensibilidade das variáveis ao treinamento, as distinções desses parâmetros para atletas de diferentes especialidades e gêneros, além de analisar a taxa de sucesso do protocolo de Lacmin. Foram avaliados 10 atletas corredores, obtendo 27 resultados para as avaliações do Lacmin, velocidade equivalente ao Lacmin (Vlacmin), Vcrit, CCA e para cada parâmetro indicado pelo RAST. Foram analisadas as variáveis Lacmin, Lactato pico (Lacpic), Vlacmin, Vcrit, CCA e Lactato de repouso, além da área sob a curva de cada uma das variáveis para os três momentos de avaliação realizados. Foi encontrada taxa de sucesso de 85,20% para o protocolo de Lacmin proposto e alta correlação entre a Vcrit e a Vlacmin. A utilização do RAST foi eficaz para gerar parâmetros necessários à identificação do Lacmin e o uso do modelo de Vcrit possibilitou adequada escolha das intensidades do TI. Foi identificada sensibilidade ao treinamento para as variáveis Lacpic e Lacmin para fundistas e velocistas, Potência mínima, para velocistas, Vcrit, para ambos os gêneros, Lacmin e Vlacmin, para o gênero masculino. Não houve diferenças na evolução das variáveis entre as especialidades estudadas. Entre os gêneros, somente Lacpic mostrou ser diferente. A partir dos dados obtidos, conclui-se que protocolo de Lacmin aplicado à corrida, com o RAST na fase de indução e TI em pista, com velocidades baseadas na Vcrit, pode ser utilizado em corredores, apresentando elevado percentual de sucesso. Já o teste de Vcrit não se mostrou capaz de identificar a Vlacmin, mas parece ser uma interessante ferramenta para acompanhamento das evoluções da Vlacmin ao longo do treinamento. O método de análise longitudinal proposto foi capaz de identificar variáveis que sofreram influência do treinamento, mas não detectou quais seriam mais ou menos sensíveis para as especialidades estudadas.

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