MOBILIDADE ATIVA ENTRE ESCOLARES: bases conceituais do Projeto MOTIVE
Por Ricardo Brandão Oliveira (Autor), Rodolfo Guimarães Silva (Autor), Ibérico Alves Fontes (Autor).
Parte de Escola e promoção da saúde. Evidências e possibilidades para democratizar a participação em atividades físicas na infância a na adolescência . páginas 102 - 117
Resumo
A inatividade física é hoje caracterizada como um dos mais importantes problemas de saúde pública global, com destaque na 103 agenda da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que 1,4 bilhão de pessoas não atendam as recomendações mínimas de 150 minutos de atividade física semanal (GUTHOLD et al., 2018). Três em cada quatro crianças entre 4 e 11 anos de idade não atingem as recomendações mínimas de atividade física (GUTHOLD et al., 2020). No Brasil, 84% de jovens entre 11 e 17 anos não praticam uma hora diária de atividade física, conforme recomendação da OMS e, segundo resultados do estudo ERICA, 38% dos meninos e 71% das meninas realizam menos do que 300 minutos de atividade física semanal, revelando uma importante desigualdade de gênero associada à prática de atividade física (CUREAU et al., 2016). Sem políticas capazes de promover o engajamento de crianças e adolescentes à uma vida mais ativa e saudável, estima-se que teremos a primeira geração com menor expectativa de vida que a dos pais, parte disso sendo explicado pela alta prevalência de obesidade (OLSHANSKY et al., 2005). A atividade física exerce um importante papel na prevenção do sobrepeso e da obesidade na infância e adolescência, reduzindo os riscos da obesidade também na vida adulta. O período da puberdade, seguida da adolescência é reconhecido como o de maior vulnerabilidade para o desenvolvimento da obesidade devido a maturação sexual e, em muitos casos, a reduções concomitantes nos níveis de atividade física, especialmente entre os 9 e 15 anos (BROWN et al., 2019).