Resumo

O contexto esportivo de alto rendimento tem sido apontado como um ambiente com potencial estressor para o atleta, uma vez que, fatores como lesões, pressão da competição e do treinador, ansiedade e as altas cargas de treinamento podem influenciar no desempenho e sucesso esportivo do atleta. Para superar esses fatores estressantes e manter um bom desempenho durante as competições, os esportistas necessitam se adaptarem às mudanças nas demandas contextuais, a partir das estratégias de enfrentamento do estresse (coping). As estratégias de coping se referem ao conjunto de esforços cognitivos e comportamentais que os indivíduos utilizam para lidar com as demandas específicas que surgem em situações estressantes. De acordo com a Teoria da Autodeterminação, que é uma macro teoria que aborda a motivação humana e a personalidade em diversos aspectos da vida centrada em diferentes tipos de motivação, esse processo de enfrentamento cognitivo do estresse está intimamente atrelado à motivação do atleta no contexto esportivo. A Teoria da Autodeterminação propõe que o tipo de motivação adotada pelo indivíduo define sua participação ou não em uma atividade. Esse comportamento pode resultar da regulação autônoma do indivíduo ou por pressões externas e internas. Por um lado, a motivação autônoma (autodeterminada) abrange as atividades que o indivíduo faz voluntariamente, seja pelo simples prazer de realizá-las, pela satisfação em alcançar um objetivo, para novas experiências ou para a internalização da importância desse comportamento. E por outro lado, a motivação controlada (não autodeterminada) inclui comportamentos que levam indivíduos a realizar uma tarefa específica sob pressão intrapsicológica ou pressão interpessoal. Diante disso, a motivação autodeterminada é de fundamental importância para a continuidade na prática esportiva, contrário à motivação controlada, que pode ser responsável pelo abandono do esporte. Pesquisas têm apontado que quando atletas são motivados pelos diferentes tipos de motivação autônoma, possuindo maior autodeterminação para a prática esportiva, evidenciam diferentes consequências comportamentais, tais como, melhor envolvimento, bem-estar, divertimento, performance e intenções de não abandono. Além disso, evidências atuais demonstram que a motivação autônoma é um elemento-chave para promover o uso de estratégias de enfrentamento de estresse, tais como confiança, estabelecimento de metas, treinabilidade e enfrentamento de adversidades.

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