Motricidades do Sul: contação de histórias para crianças hospitalizadas
Por Miriã Martins de Brito (Autor).
Em IX Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
Resumo
Nesta investigação, partimos da denúncia dos saberes ditos como universais, únicos e homogeneizados que impõem singularidade na forma de ser, pensar, organizar e significar a vida desconsiderando outros modos de existir, supervalorizando os povos conquistadores em detrimento dos invadidos. A esse imperativo, nos remetemos ao processo de colonização que sofreram os povos originários na América Latina, pela invasão europeia e o eurocentrismo como estratégia para perpetuar a invisibilização dos saberes-motricidades destes povos. A contação de histórias, advinda da oralidade desde a antiguidade, possibilita a sobrevivência dos saberes-motricidades de culturas tradicionais, formação de identidades e manutenção e/ou transformação de práticas, costumes e hábitos de diferentes comunidades, podendo ser percebida como uma ameaça ao sistema vigente e a forma eurocêntrica de produção do conhecimento. Imprescindível também considerar, no recorte deste estudo com crianças hospitalizadas, que tal momento é ainda mais delicado e complexo na vida destas, desde necessidades do tratamento em si, passando por vezes por imposições adultas (pai, mãe, familiares, médicos, enfermeiros, pedagogo hospitalar etc.), as requeridas no diagnóstico, eventual medo da criança de agulhas ou ocorrência de angústia gerada pelo distanciamento de sua vida cotidiana.