Resumo

Neste artigo, baseado na minha participação, como palestrante, mediador ou tradutor, em três mesas temáticas do I CIPPEFE, revisito a noção de complexidade nas proposições teóricas e metodológicas da educação física escolar brasileira, associando-as a algumas perspectivas internacionais. O objetivo é situar a fundamentação epistemológica da proposta de sistematização que, desde 2005, tem sido reelaborada constantemente por uma comunidade autônoma de professores(as)-pesquisadores(as), da qual faço parte, a partir da convergência entre as dinâmicas da cultura, do corpo, do movimento e do ambiente. Metodologicamente, reanaliso aspectos que pesquisei durante o mestrado e indícios de narrativas (auto)biográficas elaboradas por doze colegas, com quem compartilhei minhas pesquisas de doutorado e de pós-doutorado. Para situar a problemática, enfatizo uma aproximação entre princípios curriculares e, posteriormente, discuto as relações de convergência entre as áreas de estudos científicos e como os discursos acadêmicos influenciam as concepções para o currículo escolar. Há meandros entre as práticas científicas e as práticas pedagógicas que trazem desafios epistemológicos, teóricos e metodológicos. Há também desafios de relações de poder no âmbito das proposições e das concepções da educação física que fundamentam a proposta de sistematização temática. Considero que há um ponto de vista avançado sobre as perspectivas de convergência entre essas proposições; porém, para avançar, é necessário recuar epistemologicamente. Assim, concluo que existe um recuo epistemológico, baseado em uma lógica complexa que implica nos processos formativos colaborativos entre professores(as)-pesquisadores(as).

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