Nível da Atividade Física da População do Estado de São Paulo: Análise de Acordo com o Gênero, Idade, Nível Socioeconômico, Distribuição Geográfica e de Conhecimento
Por Sandra Marcela Mahecha Matsudo (Autor), Victor Keihan Rodrigues Matsudo (Autor), Timoteo Leandro Araujo (Autor), Douglas Roque Andrade (Autor), Erinaldo Andrade (Autor), Luiz Oliveira (Autor), Glaucia Figueiredo Braggion (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 10, n 4, 2002.
Resumo
A inatividade física tem apresentado a maior prevalência entre os fatores de risco para morbi-mortalidade cardiovascular. Esse fenômeno é evidenciado em todos os países e ainda mais nos países em desenvolvimento. Preocupados com esse problema, tivemos como objetivo avaliar o nível de atividade física (NAF) da população do Estado de São Paulo. Foram entrevistados 2001 indivíduos de 14 a 77 anos de idade (953 sexo masculino e 1048 do feminino) em julho de 2002, correspondendo a uma amostra estratificada quanto ao gênero, grupo etário e nível socioeconômico. Os indivíduos foram selecionados de 29 cidades de grande, médio e pequeno porte no estado; e as entrevistas foram distribuídas segundo as características encontradas na população do Estado de São Paulo. O questionário utilizado para determinar o nível de atividade física foi a versão 8 do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) na forma curta, com a aplicação de entrevista referente à semana anterior, contendo perguntas em relação à freqüência e duração da realização de atividades físicas moderadas, vigorosas e da caminhada. Os indivíduos foram classificados em muito ativo, ativo, irregularmente ativo e sedentário. O sedentarismo foi maior nas nas classes A (55,3%) e E (60%), sendo que nas classes B, C e D a porcentagem variou de 42% a 49%. Os resultados demonstraram similaridade entre os gêneros, sendo 54,5% e 52,7% de homens e mulheres considerados ativos e muito ativos, respectivamente. Quando analisados por região, as pessoas do litoral foram mais ativas (66,5%) que as do interior (53,4) e do que os da área metropolitana 39,4%. O NAF não diferiu entre os grupos etários, sendo que a maior parte dos ativos (55,3%) estava no grupo mais jovem (15 – 29 anos), 52,5% no grupo de 30 – 49 anos; 53,6% no grupo de 50 – 69 anos e 47% no grupo acima de 70 anos. A classificação do NAF segundo o nível socioeconômico, evidenciou que os grupos A (mais ricos) e E (mais pobres) apresentaram maior prevalência de indivíduos que não alcançaram a recomendação, sendo o fato mais evidente no grupo E. A porcentagem de indivíduos ativos foi maior entre aqueles que conheciam o programa Agita São Paulo (54,2%) que entre aqueles não conheciam o Programa (31,9%); e, por outro lado, a porcentagem de insuficientemente ativos (sedentários+irregularmente ativos) foi muito maior entre quem não conhecia (69,0%) o Programa que entre aqueles que o conheciam (45,8%). Concluímos que os níveis relativamente menores de sedentarismo do presente estudo que os apresentados em levantamentos anteriores, provavelmente, reflete a inclusão da caminhada e da atividade física no modelo IPAQ, e/ou o potencial interesse na promoção da atividade física observada nos últimos anos. Entretanto a prevalência de sedentarismo ainda é alta e deve ser prevenida através de campanhas populacionais com abordagens modernas. PALAVRAS-CHAVE: atividade física, sedentarismo, nível socioeconômico.