Resumo

Consideramos aqui o lazer como uma espécie de moldura conceitual através do qual podemos compreender o processo de envolvimento lúdico. Neste sentido, este ensaio tem como objetivo problematizar a ideia de (des)envolvimento a parir da crítica antropológica de Arturo Escobar. Em um segundo momento, aprofundamos no domínio da ludicidade apoiados na filosofia de Walter Benjamin, Giorgio Agamben e dos estudos feministas de Paul Beatriz Preciado. O lúdico é abordado em sua possibilidade de significação, profanação e subjetivação, considerando também o a questão da tradição, do território e do regime tecnopolítico. Sugerimos algumas pistas capazes de nos guiar na difícil tarefa terapêutico e socioeducativa de potencializar o lazer a partir do envolvimento lúdico, trazendo recortes de práticas extensionistas e de ensino capazes de ilustrar o alcance de tais construtos.

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