Resumo

A utilização oficial do árbitro de vídeo (VAR) na Copa do mundo de futebol da Rússia 2018 nos faz interpelar algumas questões que nos parecem carecer de arguição. Este ensaio insere-se na polêmica da adoção do VAR no futebol partindo de suas questões corriqueiras com o objetivo de adensar os tipos de questões ontológicas e axiológicas que são demandadas ao futebol frente ao uso desta tecnologia, bem como os desdobramentos das ações tecnológicas sobre o corpo de quem joga, arbitra e assiste, ações estas de intervenção política e estética. Podemos concluir que as justificativas e anseios pela justiça na condução do jogo que alimentam a adoção do VAR tão somente geram novas expectativas e novas demandas tecnológicas. Tal burocratização vai perdendo a dimensão humana imprevisível e passível de erro que caracteriza as práticas esportivas.

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