Resumo

O artigo reconstrói brevemente, em sua primeira parte, a situação de dependência histórica da pedagogia, primeiro em relação à filosofia e, depois, às ciências, para mostrar que um dos resultados de tal dependência é a incorporação, no universo do discurso pedagógico, daquela mesma tendência, presente de modo geral tanto no discurso filosófico como científico, de objetificação do ser humano por meio de sua epistemologização ou eticização. Na segunda parte, recorre ao pensamento heideggeriana de Ser e Tempo e sua crítica à metafísica clássica e à ciência moderna, com o intuito de abalizar um arsenal conceitual produtivo à pedagogia, para que ela possa repensar-se a si mesma. Em que pese todas as dificuldades teóricas intrínsecas ao projeto de extrair desdobramentos pedagógicos desta obra, o conceito de cuidado (Sorge) como tríplice dimensão articulada estruturalmente constitui o fio condutor deste arsenal.