O Curso de Pós-graduação Educação Física Escolar na Perspectiva Inclusiva: Desafios e Possibilidades
Por Michele Pereira de Souza da Fonseca (Autor).
Resumo
Dada a complexidade do fenômeno educativo e dos imperativos da atualidade advindos das políticas públicas para a Educação, torna-se imprescindível oferecer condições para que professores de Educação Física, que já atuam ou queiram atuar na Educação Básica, possam aprofundar e ampliar seus conhecimentos acerca da perspectiva inclusiva, articulando-os na busca incessante de uma Educação de qualidade para todas as pessoas. Nesse sentido, o curso de Pós-graduação lato sensu intitulado Educação Física escolar na perspectiva inclusiva, foi criado na Escola de Educação Física e Desportos, Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ), visando promover a formação continuada de professores de Educação Física para atuar na Educação Básica, a fim de atender as premências atuais frente à inclusão na perspectiva democrática de Educação. Este resumo tem como objetivo relatar o processo de concepção e implantação do curso, seus desafios e possibilidades. Este foi pensado para tratar de questões candentes no que tange aos processos de inclusão/exclusão na Educação Física escolar (EFE) e busca não somente discutir as questões relativas às deficiências, transtornos do espectro autista e altas habilidades, como ampliar o olhar sobre o conceito de inclusão em Educação, as políticas públicas nesse contexto e as exclusões de toda ordem que ocorrem cotidianamente no âmbito da EFE, abrangendo questões como racialidade, etnia e religiosidade, gênero e sexualidade e outras interfaces. Mesmo em um ambiente favorável ao surgimento de cursos lato sensu pagos, este é gratuito como forma de resistência e luta por uma Universidade pública, gratuita, crítica, autônoma e socialmente referenciada. Houve entraves no processo de aprovação, que durou de 2 anos, num cenário de 11 cursos de pós-graduação pagos e apenas 2 gratuitos na EEFD/UFRJ, porém, finalmente, a primeira turma acontece de agosto de 2017 à março de 2019, com duração de 18 meses e 420 horas. Apesar das dificuldades estruturais e políticas de se manter um curso dessa natureza, 30 vagas foram preenchidas, sendo 6 obrigatoriamente oferecidas na forma de cotas de ações afirmativas, para 9 professores que atuam no ensino público, 4 no ensino privado e 16 buscando colocação na Educação Básica. O curso segue com o desafio de formar professores para desenvolver ações em prol da inclusão em Educação, propondo a reflexão de subsídios teóricos à prática docente e com grandes possibilidades de ressignificar a EFE, a fim de torná-las democráticas, inclusivas, abertas à diversidade dos alunos com quaisquer necessidades específicas.