Resumo

A perspectiva do trabalho é analisar e interpretar os discursos dos intelectuais da educação física escolar que foram produzidos a partir da década de 1980, que classifico com um discurso antidisciplinar. Duas vertentes caracterizam esse momento. A primeira aponta para elaboração de uma tradição para o campo, tradição sedimentada na categoria disciplina e na influência das Ciências Naturais e que fornece a estrutura e a legitimidade do campo. A segunda, renovadora, procura construir uma revisão histórica do conhecimento produzido na educação física, tendo por base os referenciais teóricos da área da educação, da sociologia e da antropologia, estabelecendo e definindo uma oposição e crítica à tradição. Nesse sentido, aponta para a necessidade de elaboração de um conhecimento que possibilite ao aluno desenvolver uma consciência crítica, conquistando autonomia e rompendo com o universo de "menoridade" definido como construído pela Tradição. Neste discurso percebemos a problematização da categoria disciplina que será compreendida enquanto técnica que cria hábitos, rotinas e que será interpretada pelos intelectuais renovadores críticos como reprodutor dos interesses da classe burguesa. Ao mesmo tempo veremos surgir uma discussão epistemológica que procura redefinir a cientificidade do campo, seu objeto, sua metodologia, buscando identificar qual o papel e finalidade da educação física escolar. Redefinição que gera como desdobramento uma disputa interna no campo entre os intelectuais tradicionais (estabelecidos e/ou integrados) e os renovadores (outsiders e/ou apocalípticos) em busca do reconhecimento e da legitimidade destes. 

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