Resumo

O Esporte na Escola tem sido responsável por boa parte dos debates realizados no campo da Educação Física. Das últimas décadas do século passado para cá, passamos da sua marcante presença no universo escolar, a partir do parâmetro do rendimento físico/esportivo, para uma quase absoluta defesa de sua saída daquele espaço, até encontrarmos um ponto de equilíbrio onde não mais se questiona a pertinência de sua presença na escola, mas sim a forma como ela deveria se configurar. Assim, seu lugar na escola passa a ser demarcado pelo reconhecimento do saber esportivo não limitado ao ato de ensinar a jogar, o que dá lugar a um processo de ensino-aprendizagem valorizador da reflexão sobre o sentido e significado da presença do Esporte nas sociedades contemporâneas como parte integrante da cultura corporal. Nada mais representativo do quadro acima do que as competições esportivas escolares, reconhecidamente identificadas com o modelo da priorização da performance. Mas no lugar de propostas pela sua pura e simples extinção, Os Jogos de Minha Escola, livro paradidático recém lançado, se propõe a ressignificar sua presença, não mais o relacionando mecânica e automaticamente ao alto rendimento esportivo — seja nas ações curriculares como extracurriculares — e construindo sua inserção como elemento significativo na construção da autonomia esportiva do educando. Nele, Renan e seus amigos estão vivendo as situações típicas dos adolescentes e, na escola, se deparam com a chegada de um novo professor de educação física que, de forma sutil, cria situações que viram de perna pros ares a organização dos Jogos Escolares, aqueles interclasses, que todos conhecem. Os Jogos de minha Escola é indicativo de como a escola pode oportunizar aos seus alunos, o vivenciar da construção de uma prática social na condição de protagonistas de suas próprias histórias, motivando um processo de formação humana que tem na apropriação do conhecimento, o ponto de partida para uma intervenção autônoma, crítica e criativa na realidade que nos cerca.