Resumo

Este estudo se caracteriza como uma pesquisa histórica de caráter exploratório sobre a presença da Educação Física na prática educativa do Colégio Granbery no início do século XX, um dos principais estabelecimentos de ensino de Minas Gerais. Sua intenção fundamental é discutir a utilização do esporte como meio significativo para a instituição à época, no que tange à formação do homem pretendido pela sociedade urbano-industrial em desenvolvimento, de acordo com as solicitações primeiras do capitalismo em avanço. Utilizo como fontes os atos escritos dos poderes públicos e particular, periódicos e iconografias do Granbery, além de entrevistas com ex-alunos à época. Considerou-se a escola como o local propício para o cultivo de uma cultura específica, resultado de práticas e representações educacionais que auxiliam a construção de posturas do aluno. As categorias analisadas aglutinaram-se na perspectiva do controle do corpo como forma de poder: na utilização da competição como sendo o princípio norteador do trabalho esportivo, objetivando o rendimento; na convergência dos discursos orais e escritos em relação à questão higiênica; além da prática esportiva que era dispensada às suas alunas. As evidências denunciam que houve um movimento de gênese do esporte escolar anterior ao que nos aponta a historiografia na área. Apontam também para a utilização do esporte como um símbolo do progresso pretendido, formando o ideal de homem e indicando a assimilação de uma disciplina corporal que refletia os princípios da moral burguesa, contribuindo assim, para a formação de uma elite intelectual e política pronta para assumir cargos de responsabilidade e se tornarem a classe dirigente do país. No que se refere à questão do gênero, o estudo indica que, já na década de vinte, o Granbery oportunizou a prática do esporte competitivo pelas mulheres, contribuindo, de certa forma, para a emancipação da mulher no esporte.

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