Resumo
A escola, como parte desse território povoado pelos estudantes, pelos professores e por toda a comunidade escolar, convive com diferentes perspectivas, geradas a partir das experiências usufruídas no período regular das aulas ou fora dele. No contexto das aulas de Educação Física, os espaços ocupados na escola correspondem tanto às obrigações quanto ao desejo de um tempo para livre fruição de práticas esportivas, jogos, brincadeiras e da relação entre os sujeitos ali implicados.Diante destas diferentes expectativas, o presente estudo buscou refletir sobre a articulação entre a Educação Física e as experiências dos adolescentes no tempo livre, compondo a teia de representações entre os sujeitos, o espaço e as aulas, dentro do espaço escolar. Foi realizada uma pesquisa-ensino, junto aos estudantes do oitavo ano do ensino Fundamental na Escola Municipal Maria Elena da Cunha Braz, situada no bairro Icaivera, em Betim/MG. Durante os encontros, ao investigar o cotidiano desses adolescentes dentro e fora da escola foi possível mapear o território constituído a partir dos usos e representações associadas às obrigações e ao tempo livre dos estudantes. A cartografia foi empregada como recurso metodológico, que correspondeu tanto à representação geográfica do território do Icaivera, quanto à utilização de diferentes técnicas no mapeamento das representações dos estudantes associadas ao tempo livre neste território. Os mapas, fotografias, desenhos e textos produzidos, somados aos relatos do caderno de campo, foram analisados a partir dos eixos tempo livre, Educação Física e espaços escolares, em articulação com elementos conceituais do referencial teórico que auxiliaram na reflexão sobre a relação entre a juventude e o ambiente, na formação da sua identidade; sobre o tempo livre, como “espaçotempo” vivido e desejado, no interior da escola ou fora dela e sobre o lugar das aulas de Educação Física. Ao longo da pesquisa-ensino, o produto educacional foi desenvolvido em duas fases: A primeira etapa correspondeu ao evento escolar intitulado Planejamento Participativo, onde as propostas formuladas pelos estudantes para usufruto do tempo livre na escola foram apresentadas, discutidas e votadas. A segunda etapa correspondeu ao registro do percurso de pesquisa e do Planejamento Participativo, por meio de uma edição especial do jornal escolar Estação Icaivera.