Resumo

O futebol brasileiro, desde a primeira metade do Século XX, tem sido comumente associado a uma prática em que predominariam as noções de magia, habilidade, fantasia e espetáculo, muito em função da valorização das individualidades e da capacidade de driblar de nossos atletas. Se, por um lado, há uma legitimação – especialmente pelo discurso midiático – de que o futebol brasileiro é caracterizado por meio do futebol-arte, alguns estudos acadêmicos das últimas duas décadas no Brasil, por outro lado, problematizam ou recusam essa caracterização quando se observa o futebol nacional, especialmente o praticado pela Seleção Brasileira. Assim, este artigo procura verificar como a visão fundada por Gilberto Freyre (1938) a respeito do futebol-arte ainda mantém força, renovada a cada Copa do Mundo especialmente por emissoras televisivas, ao passo que outros discursos procuram desmistificar tal visão.

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