Resumo

A vitimização do bullying pode ter forte impacto na saúde mental dos adolescentes. Nota-se que nas aulas de Educação Física as alteridades são evidenciadas, podendo amplificar tal prevalência. Estudos recentes relatam o valor do cuidado parental, como efeito atenuante as vitimizações. Porém, até o momento não se sabe como o apoio parental pode servir como mediador nos frutos do bullying e comportamentos depressivos e suicidas. Objetivo: Analisar o impacto da relação dos pais na associação entre a vitimização do bullying e os comportamentos depressivos e suicidas em adolescente. Métodos: trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal com base escolar e abrangência estadual envolvendo estudantes do ensino médio da rede pública do estado de Pernambuco (idade entre 14 e 19 anos). Resultados: Foram visitadas 85 escolas em 48 cidades de Pernambuco, cuja amostra final foi composta por 6.244 estudantes, sendo 59,7% do sexo feminino. Observamos que 11,1%, 7,5% e 13,0% dos jovens já apresentavam pensamento, planejamento suicida e sofriam bullying respectivamente. Ademais, notou-se que 81,7%, 68,7% e 42,6% dos jovens relataram que os pais normalmente não verificam suas tarefas, não entendem seus problemas e preocupações e não sabem o que eles fazem no seu tempo livre respectivamente. Dentre os principais resultados, encontrou-se maiores chances de planejamento suicida nos adolescentes que sofriam bullying e os pais não verificavam suas tarefas escolares (OR=3,31;IC95%:2,6-4,3;p<0,001), não entendiam seus problemas e preocupações (OR=3,62;IC95%:2,8-4,7;p<0,001) e não sabiam o que seus filhos faziam no tempo livre (OR=3,48;IC95%:3,1-5,6;p<0,001), quando comparados aos adolescentes que não sofriam bullying. Conclusão: os adolescentes vítimas de bullying estão mais expostos à comportamentos depressivos, ideação e planejamento suicida, mas um convívio mais afetivo com os pais reduz significativamente a exposição aos comportamentos depressivos e suicidas.