O Jogo Não Acaba Quando a Energia Termina: Possíveis Mecanismos de Ação do Enxágue Bucal com Carboidrato Para Futebolistas
Por Kaique Cavalcante (Autor), Kauã Cavalcante (Autor), Renata Gonçalves (Autor), Ramon Cruz (Autor).
Resumo
INTRODUÇÃO: As ações físicas do futebol de natureza intermitente e alta intensidade estão relacionadas com o metabolismo anaeróbio, em especial do sistema glicolítico. Tem sido indicado que a ingestão de carboidratos (CHO) poderia retardar a depleção de glicogênio muscular, postergando a fadiga periférica. Todavia, a ingestão de CHO pode causar desconforto gástrico. Assim, uma opção seria o enxágue bucal com CHO (EnxCHO), sendo que tal estratégia, em exercícios contínuos e de contrarrelógio, pode promover aumento da potência média gerada no teste. Adicionalmente, é sugerido que a melhora no desempenho em tarefas intermitentes também possa ser observada. No futebol, com as demandas físicas, táticas e cognitivas, o jogo impõe índices pronunciados de fadiga mental aos praticantes. Assim, supõese que o EnxCHO poderia ser útil/positivo para jogadores, com destaque para a necessidade de compreender quais seriam os possíveis efeitos positivos e em especial, quais seriam os mecanismos de ação envolvidos. OBJETIVO: Propor os mecanismos de ação induzidos pelo EnxCHO que poderiam potencializar o desempenho de jogadores de futebol. MÉTODO: A partir de levantamento de dados, os possíveis mecanismos de ação foram baseados em estudos originais. Os critérios de busca e seleção das publicações na base de dados PubMed foram: Mouth rinse; Carbohydrate; Soccer. RESULTADOS: Após a busca, quatro estudos foram encontrados e considerados na presente investigação. Dois artigos (Art1 e Art2) consideraram sprints repetidos (Srep) e o EnxCHO em seu modelo experimental, sendo que, ambos não observaram diferenças estatisticamente significativas no número de Srep e distância total percorrida (Dtotal) (p > 0,05). O Art3 utilizou o número de Srep durante simulações de partidas de futebol, sem efeito significativo do EnxCHO (p > 0,05). No Art4, o modelo experimental considerou o desempenho em corrida de velocidade intermitente, com intensidade auto selecionada, indicando que o EnxCHO pode: i. aumentar a velocidade do sprint, ii. aumentar o número de Srep e Dtotal (p < 0,05). Coletivamente, os resultados sugerem que para tarefas auto selecionadas o EnxCHO tenha efeito ergogênico, provavelmente por ação central e/ou mental, e não periférica. CONCLUSÃO: Sugere-se que o EnxCHO atuaria no equilíbrio de excitação e inibição do drive neural, tendo influência positiva sobre a fadiga central. Complementarmente, o EnxCHO teria ação também sobre a fadiga mental, pois no modelo de esforços com intensidade auto selecionada, há um balanço entre o sistema antecipatório e feedback aferente (relacionado com o esforço percebido/PSE) para estabelecer a intensidade do esforço. Dito isto, o EnxCHO teria efeito psicofisiológico positivo, atuando sobre a PSE e mitigando a fadiga mental, que dentre outras implicâncias, é determinante para as tomadas de decisão, por exemplo. Emerge assim, uma hipótese acerca do possível efeito dietético ergogênico do EnxCHO em momentos críticos de uma partida de futebol.